Os partidos de direita e centro-direita conquistaram 82% das 5.519 prefeituras cujos resultados já foram oficialmente divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A situação está indefinida em outras 49 cidades, onde o anúncio oficial dos vitoriosos ainda não ocorreu em razão de anulação de votos ou da impugnação dos candidatos mais votados.
Em 2020, os partidos de direita e de centro-direita elegeram 4.239 prefeitos. Agora, foram 4.511. Já as legendas de esquerda e de centro-esquerda, que conquistaram 852 prefeituras quatro anos atrás, ficaram agora com 749 (embora o PT tenha aumentado de 183 para 252).
Veja aqui os números, considerando os resultados em todos os 51 municípios que tiveram segundo turno:
Como se vê na tabela acima, PSD, MDB, PP, União Brasil, PL e Republicanos — todos eles, de direita ou de centro-direita — em geral repetiram na segunda rodada de votação os bons resultados do primeiro turno e aparecem no topo do ranking das agremiações com maior número de prefeituras. PSB (em sétimo), PT (em nono lugar) e PDT (décimo) foram as siglas de esquerda.
As dificuldades da esquerda ficam mais nítidas na capitais. É verdade que o PT, que não elegeu ninguém nas 26 capitais brasileiras em 2020, saiu agora vitorioso em Fortaleza. Todas as demais siglas de esquerda, no entanto, tiveram queda. O PSB, que havia eleito dois, agora ganhou a disputa somente em um. O PDT antes elegeu dois e agora, nenhum. O Psol, vitorioso em uma capital em 2020, agora não ganhou em nenhuma.
PublicidadeBom saldo quem teve foi o PL, que elegeu quatro prefeitos de capitais este ano. Em 2020, não tinha eleito nenhum. Nem por isso o nome mais popular do partido e do campo conservador, o ex-presidente Jair Bolsonaro, pode sair soltando foguetes. Ele se envolveu pessoalmente em várias disputas municipais das quais saiu derrotado.
Já tinha colhido alguns revezes no primeiro turno, sobretudo no estado que lhe serve há décadas como base eleitoral, o Rio de Janeiro. Agora, no segundo turno, perdeu a eleição em Belo Horizonte, Goiânia, Belém, Florianópolis, Santos e Niterói — onde o prefeito Ricardo Neves (PDT) se reelegeu, superando o deputado federal Carlos Jordy (PL), muito próximo à família Bolsonaro.
Por outro lado, o bolsonarismo mostrou força ao ampliar sua presença no Nordeste, a região vista como bastião de Lula e do PT. Manteve a prefeitura de Maceió e, neste domingo, conquistou Natal e Aracaju.
São Paulo, principal centro econômico e a cidade mais populosa do Brasil, é um caso à parte. Ali, Bolsonaro foi criticado por não ter se envolvido o bastante na campanha do vencedor, Ricardo Nunes (MDB), que teve como maior padrinho eleitoral o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tarcísio, porém, cometeu um erro crasso neste domingo, ao associar ao PCC o deputado federal Guilherme Boulos (Psol), adversário na disputa palaciana. Visto por apoiadores, sobretudo no meio empresarial, como o melhor nome da direita para a eleição presidencial de 2026, Tarcísio sempre foi encarado como um degrau a mais, em termos de patamar civilizatório, em relação ao seu criador, o ex-presidente Bolsonaro. Com mais preparo intelectual e melhor interlocução com forças políticas fora da extrema esquerda, ele terminou lançando mão de um tipo de expediente próprio daquilo que o bolsonarismo tem de pior.