Durante sua participação no programa Conversa com Presidenciáveis, do Congresso em Foco, a senadora e candidata à Presidência da República Soraya Thronicke (União-MS) afirmou que o alto índice de rejeição do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas eleitorais não se dá por acaso. Na sua avaliação, a dificuldade do presidente em acessar esse eleitorado é consequência de sua postura como chefe de Estado.
Confira a entrevista da candidata ao Congresso em Foco:
Conseguir aceitação dentro do público feminino é um dos principais desafios para Jair Bolsonaro em sua campanha eleitoral. Esse objetivo ficou visível quando lançou oficialmente sua candidatura pelo PL, em convenção onde seus apoiadores foram orientados a comparecer acompanhados de suas esposas, recebidas com um discurso inflamado da primeira-dama Michelle Bolsonaro na esperança de atrair seu apoio.
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Soraya avalia que, mesmo com esses esforços, Bolsonaro tende a permanecer com baixa aceitação entre mulheres, resultado da “colheita de plantio” da forma como lida com mulheres em seu governo. “Seus atos falam muito mais do que as suas palavras. Foi o que a gente viu ao longo disso [governo], e é o que nós estamos recebendo agora nas pesquisas”, declarou.
A dificuldade de Bolsonaro em atrair o voto feminino não se dá por acaso: sua carreira política, tanto em seus mandatos como deputado quanto em seu governo como presidente, foi marcada por uma série de polêmicas envolvendo mulheres. Enquanto parlamentar, ganhou notoriedade em sua briga com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) em 2014, onde disse que não a estupraria “porque não merece” e por seu discurso de 2017 onde se referiu à própria filha, Laura Bolsonaro, como “fraquejada”.
Como presidente, a sua imagem perante as mulheres não melhorou: no Congresso Nacional, o governo vetou o trecho do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual que prevê a distribuição gratuita de absorventes, ponto considerado o mais importante do programa. Além disso, de seus 22 ministros originais, apenas duas eram mulheres.
“São comentários, são atitudes que a gente deve levar em consideração”, apontou. A senadora ainda aponta que a diferença na distribuição de funções no governo já retrata a realidade das mulheres na atual gestão. “A falta de equidade, de paridade [de homens e mulheres] eu entendo como sendo uma falta de respeito, sendo que nós nesse momento somos mais de 53% do eleitorado”, afirmou.
A senadora, porém, não aposta no fracasso de uma eventual estratégia de inserção de Bolsonaro no eleitorado feminino. “Eu não sei se isso vai se revelar nas urnas, porque em 2018 eu sequer aparecia nas pesquisas. Eu tenho muita cautela quando eu escuto que a maioria do eleitorado feminino rejeita tal candidato, como rejeita inclusive o próprio candidato do PT [Lula]”, explicou.