O presidente nacional do PSDB, o ex-deputado Bruno Araújo, afirmou que o desempenho ruim do partido em 2018, quando Geraldo Alckmin foi o primeiro tucano desde 1989 a ficar fora do segundo turno das eleições presidenciais, não contaminou a legenda nas eleições municipais de 2020.
“Quem achou que o tropeço do PSDB em 2018 significava algo perene, confirmou que a maioria do eleitorado, sobretudo urbano, continua achando que o PSDB é uma solução para governar as cidades”, afirmou ao Congresso em Foco.
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>Bruno Covas: PSDB perdeu espaço para Bolsonaro por falta de punição a corruptos
Nas capitais também houve um recuo. Em 2016, a legenda elegeu sete prefeitos, agora em 2020, se todos os candidatos do sigla que disputam o segundo turno nas capitais vencerem, o número chegará a cinco.
O prefeito de Porto Alegre foi o único a candidato a reeleição em capitais que ficou fora do segundo turno. O presidente do PSDB afirmou que Nelson Marchezan Júnior (PSDB) se desgastou após aumentar o IPTU das indústrias. Manuela D’Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB), os dois candidatos que concorrem no segundo turno, prometeram rever a decisão do prefeito.
Para Bruno Araújo, a eleição de 2020 tem como marcas a derrota do presidente Jair Bolsonaro e dos chamados outsiders, ou seja, aqueles candidatos que não fazem parte de um grupo político consolidado. “O presidente [Jair Bolsonaro] é um derrotado dessa eleição municipal, procurou não se envolver e onde se envolveu de forma majoritária seu candidato perdeu nas eleições”, declarou.
No primeiro turno, influenciado pela expressiva votação de Bruno Covas em São Paulo, o PSDB foi o segundo partido em número de votos recebidos na disputa para prefeito. Foram 10,67 milhões ante os 10,9 milhões alcançados pelo MDB, dono da maior votação para as prefeituras.
Veja a íntegra da entrevista de Bruno Araújo ao Congresso em Foco:
– Congresso em Foco: como o partido sai das eleições de 2020?
Bruno Araújo- O PSDB confirmou a posição do partido com o maior número de vitórias nos maiores centros urbanos do país. É o partido com mais cidades de mais de 200 mil eleitores, teve a presença mais firme com os maiores números de vitórias, confirma a posição do partido, termina essa eleição, com o final dos dois turnos, como disparado o partido mais votado no Brasil. A tecla 45 é a mais teclada entre todos os eleitores brasileiros. Tivemos uma perda nominal de prefeitos, mas na verdade houve uma migração. O PSDB teve 40% de aproveitamento na eleição passada entre os que foram candidatos pela legenda a prefeito. Esses 40% se repetiu agora, o que houve foi que o PSDB apresentou muito menos candidatos nos municípios de pequeno porte, que foram ocupados por outras legendas. O eleitor, o perfil tradicional do PSDB em municípios de porte médio e grande, se confirmou a tradição. Quem achou que o tropeço do PSDB em 2018 significava algo perene, confirmou que a maioria do eleitorado, sobretudo urbano, continua achando que o PSDB é uma solução para governar as cidades.
Apesar dos bons resultados nas capitais, o PSDB perdeu espaço em relação a 2016.
Isso tem diversos motivos, um deles, que atinge a todos, é porque o fim das coligações aliadas ao fundo de recursos públicos levou a um aumento substancial no número de candidaturas majoritárias. Tradicionalmente municípios que tinha cinco candidatos passaram a ter 12, 13 e 14, há um número de candidaturas muito maior. Quem fez dez em 2016 e teve o mesmo desempenho agora, não repete os mesmos dez porque a polarização tem uma participação maior.
Em Porto Alegre o atual prefeito ficou fora do segundo turno.
Porto Alegre a gente tinha o governo, tinha uma administração com o prefeito bem avaliado e ele foi demandado a fazer promessas que pelo estilo, compromisso e temperamento dele, ele não fazia demanda para abrir o comércio, demanda para redução de IPTU, que são temas que se estabeleceram no segundo turno. Em um nível de responsabilidade pessoal ele fez uma opção pela crença dele. É do jogo, a gente ganha e perde.
Bruno Covas se torna uma liderança nacional do PSDB?
Ele já é uma liderança nacional, mas com uma reeleição e direto pela urnas onde ele é o protagonista da liderança do voto dá mais dimensão política a algo que ele já tinha.
Bolsonaro saiu derrotado nessas eleições?
O presidente é um derrotado dessa eleição municipal, procurou não se envolver e onde se envolveu de forma majoritária seu candidato perdeu nas eleições. Essa é uma eleição que o eleitor brasileiro fez um movimento de se afastar de extremos, cada eleição tem sua história, mas nitidamente o movimento do eleitor brasileiro tem nuances diferentes do comportamento da eleição de 2018, inclusive voltando a eleger para a maioria dos municípios candidatos que já se dedicavam a vida pública, foi uma eleição onde a presença do outsider foi algo bem mais reduzido.
Mas isso se traduz em uma tendência para 2022?
Cada ano é uma eleição, claro. Mas lembra que mesmo dois anos depois, os ventos da decisão política mudam. Sãos as qualidades dos quadros que o PSDB disponibiliza como opção que dão ao PSDB essa presença relevantes nos grandes centros brasileiros.