O diretório do PSB em Belo Horizonte se rebelou contra a decisão da cúpula nacional do partido, anunciada nesta terça-feira (1º/ago), de retirar o ex-prefeito de BH Márcio Lacerda da disputa ao governo de Minas Gerais. Como este site mostrou mais cedo, o próprio Márcio, em “carta aos mineiros” (leia a íntegra), manifestou indignação com o acerto, que tem como contrapartida a retirada da candidatura de Marília Arraes (PT) ao governo de Pernambuco.
Assim, o PT sai do caminho da reeleição de Paulo Câmara (PSB) em Pernambuco, enquanto o petista Fernando Pimentel também vê sua tentativa de se reeleger governador de Minas beneficiada sem a concorrência de Márcio Lacerda. Para o agora ex-candidato ao Palácio da Liberdade, algo inadmissível.
O mesmo pensa o PSB mineiro, que manifesta “veemente repúdio” contra a cúpula socialista e convoca os filiados para a convenção do próprio sábado (4), com o objetivo de resistir à “ingerência” anunciada hoje. “O PSB e o povo mineiro, como também a candidatura de Márcio Lacerda, não podem ser objeto de espúria moeda de troca, em favor da manutenção de gestões incompetentes e rejeitadas. Impõe-se, portanto, a não aceitação bem como a resistência que possa restaurar o debate democrático a ética das relações políticas”, diz nota do Diretório do PSB em Belo Horizonte.
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O acordo costurado mais cedo pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, e pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira, inclui ainda a posição de neutralidade do PSB na corrida presidencial, negando a Ciro Gomes (PDT) – principal concorrente do PT no campo da esquerda e pretendente do apoio dos socialistas –, uma parceria que poderia fortalecê-lo com graves consequência para os petistas. O acordo PT-PSB também prevê o apoio do atual governador de Pernambuco à candidatura do ex-presidente Lula, preso e ameaçado de inelegibilidade, ou ao nome que ele indicar para a sucessão de Michel Temer (MDB).
“A mim foi oferecida, como alternativa à candidatura ao governo do estado, a candidatura ao Senado em uma composição com o Partido dos Trabalhadores, sugestão com a qual prontamente discordei. Recebi esta comunicação com indignação, perplexidade, revolta e desprezo”, protestou Márcio Lacerda, lembrando que Carlos Siqueira vinha dizendo “clara e publicamente que a nossa candidatura era uma das prioridades do partido”.
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Leia a íntegra da nota:
Nota do Diretório do PSB de Belo Horizonte
O Diretório do PSB/BH, quanto à posição da Nacional do partido relativa à candidatura de
Márcio Lacerda do Governo de Minas, vem manifestar:
1. Seu veemente repúdio a que decisões tomadas fora de Minas Gerais, em benefício de composição política que foge aos interesses legítimos do Estado, seja motivo para tentar impedir uma candidatura que crescia surpreendentemente e se consolidava como uma terceira via;
2. Sua plena discordância com a posição manifestada pelo sr. Carlos Siqueira, presidente nacional do partido, com relação à possível retirada da candidatura de Márcio Lacerda ao Governo de Minas, contrariando suas posições anteriores de pleno apoio ao candidato do partido em Minas;
3. Recomenda a todos os filiados do PSB que compareçam ao Congresso Estadual que será realizada sábado próximo dia 4, para lançamento das candidaturas ao Governo do Estado, ao Congresso Nacional e Assembleia Legislativa;
4. O PSB e o povo mineiro, como também a candidatura de Márcio Lacerda, não podem ser objeto de espúria moeda de troca, em favor da manutenção de gestões incompetentes e rejeitadas. Impõe-se, portanto, a não aceitação bem como a resistência que possa restaurar o debate democrático a ética das relações
políticas;
5. O PSB irá ao Congresso Estadual de sábado e espera que suas decisões sejam respeitadas pelo Diretório Nacional, como nos rege a democracia interna, sem ingerências e intervenções estranhos e injustificáveis, em claro desrespeito as tradições históricas e políticas de Minas Gerais.
Belo Horizonte – MG, 01 de agosto de 2018
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