As duas últimas semanas foram de extremos para a campanha presidencial de Sergio Moro. Por um lado, houve a quebra do sigilo de seu processo no Tribunal de Contas da União (TCU), que o investiga por supostos ganhos ilícitos na Operação Lava-Jato, levando os desdobramentos da investigação às capas de jornais. Por outro, o Movimento Brasil Livre (MBL) formalizou o apoio à sua candidatura, filiando seus principais líderes aos quadros do Podemos.
Entre os líderes que se juntaram ao mesmo partido que Moro está o deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP), que enxerga com bons olhos o processo no TCU. “É uma situação muito vantajosa para ele. Isso cria palanque, dá a ele o holofote para mostrar uma coisa boa para ele, que ele teve um ganho lícito em seu período em que trabalhou para o mercado privado”, analisou o deputado ao Congresso em Foco.
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MBL e Moro atuam juntos em conseguir potencializar a visibilidade deste processo. Para a sexta-feira (28), o movimento organiza a transmissão em que o candidato planeja revelar os valores obtidos durante o período em que trabalhou para a Alvarez & Marsal, empresa investigada no processo. “O Moro inclusive não vai enviar os valores formalmente ao TCU, justamente por considerar esse processo como um abuso”, indicou o parlamentar.
Kataguiri ainda considera que, com a visibilidade recebida, a postura de Moro de apresentar seus dados ao público pode ajudar na sua formação de imagem dentro da política. “Politicamente é importante mostrar tanto que ele é inocente do que é acusado quanto mostrar que ele é capaz de passar por esse escrutínio público, coisa que Lula e Jair Bolsonaro não são”.
Outro fato que o deputado considera que poderia beneficiar Moro seria a criação da CPI, cogitada por lideranças do PT, para investigar possíveis abusos cometidos em seus julgamentos na Lava-Jato. “A criação de uma CPI seria dar um microfone nacional para o Moro em um ano eleitoral”, declarou.
PublicidadeEstratégia eleitoral
A postura adotada por Moro diante das investigações, com constantes discursos diretamente voltados para rebater o Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), bem como seus concorrentes eleitorais, é parte da estratégia proposta pelo MBL. “A nossa defesa é que ele faça uma campanha mais incisiva, dura. Que ele faça uma campanha de denúncia aos crimes cometidos pelo PT e também por Bolsonaro. Não se trata de uma divergência de ideias, trata-se de enfrentar dois projetos autoritários de poder que precisam ser denunciados”, afirmou Kataguiri.
A proposta, porém, não necessariamente será seguida por Moro. Kataguiri ressalta que a postura do MBL diante de sua candidatura será de aconselhamento, e que, caso o candidato decida por adotar outra estratégia, “a palavra final é dele, e a campanha é dele”.
O movimento, porém, não planeja se juntar a uma eventual mudança de partido caso Moro decida por se juntar ao União Brasil. “Para a gente, a nossa postura não muda caso ele mude de partido. Continuaremos ao lado dele, mas permanecendo no Podemos”.
A preferência pelo Podemos, além de dar a proximidade com Moro, permite ao movimento atingir seus objetivos políticos e eleitorais. “O que nos interessa no Podemos é a independência de podermos nos posicionar como achar melhor, independentemente da posição do partido. Também conseguimos com isso apoiar a candidatura do Arthur do Val para o governo de São Paulo, e podemos também montar chapas, coisa que nunca vamos ter no União Brasil”, explicou Kataguiri.