Dona Jacira Santanna é uma figura que não dá para passar despercebida. Sorridente e com bom humor, ela vem conquistando as redes sociais e uma ala do PT em Pernambuco – partido em que é filiada desde 2022 – desde que o filho Gil do Vigor participou de uma edição do Big Brother Brasil (BBB), da Rede Globo. Dos petistas, conquistou a amizade e a admiração de nada mais, nada menos, que o ex-presidente Lula e a mulher, a socióloga Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja – dona Jacira foi uma das poucas convidas da recente cerimônia de casamento do casal em São Paulo.
Ela negou, em entrevista ao Congresso em Foco, o status de “pré-candidata”, apesar do PT em Pernambuco afirmar que sua postulação é tida como certa na disputa por uma vaga à Câmara dos Deputados nestas eleições. O partido acredita, inclusive, que em uma eventual candidatura, ela seria uma puxadora de votos, ajudando a legenda a eleger mais deputados federais. “Eu costumo dizer que eu sou candidata dos produtos, das marcas que me contratam para eu fazer as propagandas nas minhas redes. Agora, eu sou uma pessoa muito grata ao que aconteceu no passado [ela elogia os programas sociais do PT]. Como a esposa dele [Lula], Janja, ela é fã de Gil do Vigor, acabamos ficando amigas e ela me convidou ao casamento com Gil. Nós fomos”, diz a pernambucana.
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Em março deste ano, ela teve sua ficha de filiação abonada pelo ex-presidente Lula, em São Paulo. Sua volta ao partido foi festejada pelo presidente do PT em Pernambuco, Doriel Barros. Na ocasião, também foi divulgado um vídeo de dona Jacira com Lula. “Eu sou filiada desde 2002. Depois, eu saí. Não sei o que aconteceu lá, meu nome não estava mais no sistema. Talvez porque eu não estava atualizando. Eu sempre gostei de política. Eu vivia na comunidade em Jaboatão e todo mundo sabe. Eu sempre fui envolvida, sempre gostava de orientar, sempre militei e sempre admirei essa luta pelas minorias. Tanto é que eu era uma delas”.
Na recente tragédia em Pernambuco, que vitimou mais de 100 pessoas em virtude de queda de barreiras e enchentes de rios, dona Jacira esteve presente no município de Jaboatão dos Guararapes, na região Metropolitana do Recife. Lá, alguns amigos perderam casas e bens materiais. “Eu digo a você, meu camarada, eu fui a Jaboatão e vi a situação como é difícil ter as pessoas sem uma educação política. Não entender o que é um governo. Jaboatão antigo está lá naquela situação. O rico educa os filhos tendo como obrigação ele estudar. O pobre é obrigação trabalhar. Eu sempre bati na tecla que tem que estudar”, diz Jacira, quando perguntada pela reportagem se, em uma eventual candidatura, qual seria sua bandeira política.
A resposta, mesmo que não direta, foi educação. Aliás, seu filho Gil do Vigor tem usado seu espaço na mídia para falar da importância da educação em sua vida. Ele é doutor em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e hoje cursa pós-doutorado em uma universidade americana. Gil foi beneficiado por programas de incentivos e bolsas durante sua formação. “Meu filho trabalhou e estudou. Eu acredito na educação com toda força de minha alma. Se não for a educação, o Brasil está lascado. Eu ia de manhã, fui merendeira por muitos anos, serviços gerais, mas nunca deixei meus filhos fora da escola. Educação é prioridade para todos”, completa.
Dona Jacira, apesar de não assumir a pré-candidatura, usa de uma habilidade política importante. Perguntada, por exemplo, se já teria escolhido qual seu candidato ao governo de Pernambuco nestas eleições, desconversa. No estado, o ex-presidente Lula terá um palanque duplo. O deputado federal Danilo Cabral (PSB), pré-candidato da gestão atual, e a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade), na oposição, pedirão votos a Lula, assim como dona Jacira: “De verdade, eu não pensei nisso. Sabe por que? Eu não tenho tempo. Eu vivo viajando. Eu estou vendo o governador atual [Paulo Câmara]… eu ainda não estou vendo o futuro. O governador atual é bom administrador. Daí para o futuro eu ainda estou analisando”.
Publicidade“Eu sempre fui ele não”
Dona Jacira diz que desde a eleição de 2018 descartou o nome do então deputado federal Jair Bolsonaro como candidato à Presidência. Ela afirma que, entre os motivos, estava o baixo desempenho do presidenciável como parlamentar. “Não precisa nem de resposta. Porque desde quando ele se candidatou, na minha opinião, sinceramente, eu não tinha como avaliar positivamente. Mesmo porque o cabra vivia no Congresso mais de 20 anos e não sei quais os projetos foram aprovados por ele”, critica. “Eu não tinha como aprovar. Nas minhas redes sociais, antes do povo me conhecer, já estava lá, você vai vê: ele não. Sempre fui ele não. Se eu for falar aqui, não vai caber no seu jornal”.