O PDT, PSB e PCdoB vão formar o maior bloco de oposição ao governo do presidente eleito Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Os líderes dos três partidos se reuniram na manhã de desta quarta-feira (31) e anunciaram que as três legendas estarão juntas, mas não pretendem fazer “hegemonia” na oposição. O PT, que disputou o segundo turno contra o capitão do Exército, não participou da reunião.
Segundo o deputado André Figueiredo, líder do PDT, o PT demonstrou que quer ter uma atuação independente, mas que podem estar juntos em algumas pautas.
“O PT pode, eventualmente, estar compondo conosco uma atuação parlamentar mesmo não fazendo parte do bloco, assim como o próprio PSDB”, disse André a jornalistas. “Mas a nossa maneira de fazer oposição pode se diferenciar em alguns momentos. Queremos fazer uma oposição construtiva e afirmativa.” “Não queremos hegemonismos”, disse ainda o deputado.
Juntos, esses partidos reúnem 69 deputados. O PT, apesar de ter eleito a maior bancada da Câmara, reúne 57 deputados.
Durante a campanha, o PDT lançou a candidatura de Ciro Gomes e o PCdoB lançou a candidata à vice-presidência Manuela D´Ávila na chapa de Fernando Haddad (PT). O PSB se manteve neutro no primeiro turno e no segundo declarou apoio à candidatura de Haddad.
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O líder do PCdoB, deputado Orlando Silva disse que o que uniu os três partidos foi a afinidade que as legendas já têm há bastante tempo. “O que nos uniu nesses três partidos foi a convergência que já temos há bastante tempo. Sem vetos a nenhum partido que queira fazer oposição a Jair Bolsonaro. Nós vamos priorizar o que nos unifica”, disse.
“Entendemos que é preciso, nesse momento da vida brasileira, fazer muito mais que uma atitude de contestação”, disse Tadeu Alencar, líder do PSB. Segundo ele, será natural uma “sinergia” entre os partidos que querem fazer oposição ao novo governo.
Reforma da Previdência
Para Tadeu Alencar, a reforma da previdência é um tema que qualquer presidente eleito teria que debater, mas que não pode cometer os mesmos erros do presidente Michel Temer.
“A gente espera que o presidente eleito não empreste a forma autoritária de discutir um assunto tão importante da forma como Temer fez”, disse. O líder acha que, por ser uma matéria tão profunda, não poderá ser pautada ainda esse ano, mas que a oposição estará disposta a discutir o tema.
Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que é precipitado dizer que a reforma de Temer será votada em 2018. A declaração contrariou os movimentos da futura equipe econômica de Bolsonaro, liderada por Paulo Guedes, que manifestou ontem (30) desejo de que a matéria fosse votada o mais rápido possível.