O partido Unidade Popular (UP), legenda de esquerda que disputa sua primeira eleição, lidera o ranking proporcional de candidatos negros. O quadro de candidatos do partido é composto por 70% de negros e negras. No outro extremo, ocupando de 33ª posição, está o também esquerdista Partido da Causa Operária (PCO), com 17%.
Apesar de liderar o ranking proporcional, o UP tem um número absoluto baixo de candidatos: dos 133 nomes que disputam a eleição pela legenda, 93 são negros ou pardos.
Em termos absolutos, o partido com o maior número de candidatos negros é o MDB – legenda que tem mais candidaturas nestas eleições. Dos 45 mil candidatos, 19,6 mil são negros e pardos, o que representa 43%, uma das menores taxas entre todos os partidos.
Segundo a vice-presidenta nacional do Unidade Popular, Samara Martins, o partido foi fundado por jovens negras e negros, trabalhadores de regiões periféricas, portanto as candidaturas só podem refletir a representaçao da liderança. “Me orgulha muito construir um partido em que tem na sua presidência dois pretos e eu sou uma delas”, diz.
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Segundo Samara, a aprovação da cota para negros no fundo eleitoral é mais um incentivo para diminuir a sub-representação dos negros na política. “Nosso partido não se baseou, no entanto, nessa determinação para definir por mais candidaturas negras. Essa já era nossa conformação e uma parte considerável dos nossos dirigentes nacionais e dos estados são negras e negros”.
Contra cotas para candidatos negros
O PCO, por sua vez, manifestou-se contra a obrigatoriedade nas candidaturas, tanto de negros, quanto de mulheres na política. Juliano Lopes, coordenador do Coletivo de negros do partido, afirma que este modelo é uma intervenção do Estado sobre a organização partidária. “Se existe um partido composto só de negros e está escrito isso em seu estatuto, tudo bem, esta é uma liberdade deles, ao mesmo tempo que se existe um partido composto só por brancos, essa é uma liberdade deles, liberdade democrática”.
Para Lopes essas medidas de colocar os negros em alguns locais de poder não são eficazes “o que precisamos é acabar com a estrutura racista: fim dos presídios e do sistema penal, da polícia, por exemplo” E conclui. “As comunidades de bairro e movimentos sociais deveriam poder lançar seus candidatos livremente, independentemente de filiação aos partidos”.
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