Não é segredo que Jair Bolsonaro sempre foi um mandrião inveterado, alérgico a uma carteira de trabalho assinada e qualquer outro trabalho que não seja remunerado com dinheiro dos contribuintes, assim como os seus filhos.
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Porém, ainda havia alguma disposição em falar (mesmo que com muitas mentiras) sobre as questões no Brasil, eram histórias sobre como o ICMS contribuía com a inflação e todo tipo de sandice.
Até o último Datafolha, seguido de uma pesquisa Quaest, Bolsonaro tentou colocar todas as forças para mostrar que se importava com o Brasil e com os brasileiros, além do esforço desesperado para reduzir o ICMS e colher os louros disso, Bolsonaro substituiu o presidente da Caixa (envolvido numa série de acusações de abusos sexuais e morais) por uma mulher, junto com Lira trabalhou a aprovação da PEC da compra de votos como se fosse um trator e até segurou um pouco a língua, embora não deixasse de falar estultices.
Não adiantou, manteve-se afastado de Lula e correndo o risco de perder logo no primeiro turno, na Quest embora um cenário remotamente mais “afável”, seguiu com a sua colossal rejeição na casa dos 60%.
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E para completar, tivemos uma semana em que um apoiador bolsonarista explode uma bomba em um ato de pré-campanha do Lula e outro invade uma festa de aniversário de um dirigente petista em Foz do Iguaçu e comete um assassinato a sangue frio atirando a esmo em um ambiente com mulheres, crianças, bebês e idosos.
Alguns dias antes destes episódios Bolsonaro já aparentava estar visivelmente desequilibrado, na live da última quinta-feira (7), o presidente atacou as pesquisas, o TSE e disse que Lula é mentor do assassinato do Celso Daniel sem ter provas.
E desde que seus apoiadores foram flagrados em atos de violência política, a coisa desandou de vez.
Até hoje Bolsonaro não se solidarizou com os mais de 700 mil mortos da covid-19.
Mas já se solidarizou com um homem que espancou a amante numa tentativa de homicídio e homicida de Foz do Iguaçu que saiu atirando num ambiente cheio de crianças.
Sua base está claramente em pânico com o caso de Foz do Iguaçu, o próprio presidente não consegue se controlar e está dando sucessivas demonstrações de perversidade.
Já assistimos isso antes: quando começou a levar uma sova para a CPI da Pandemia, radicalizou até ao máximo, ameaçou não cumprir decisões judiciais e bagunçou ainda mais o país durante uma de suas mais graves crises. Nada é tão ruim que Jair não possa piorar.
Em setembro do ano passado Bolsonaro estava claramente desorientado e desequilibrado. E com isso, esqueceu-se do Brasil.
O pouco que avançou em Brasília foi com muita briga da oposição (ex: piso da enfermagem, LDO s/ orçamento secreto impositivo) ou por conta do empenho árduo de Arthur Lira (PEC da compra de votos).
A última vez que o governo esteve envolvido diretamente em alguma articulação no Congresso foi na tentativa de barrar a CPI do MEC, onde amargou outra derrota.
Bolsonaro pode falar quantas vezes quiser que não acredita em pesquisas, mas a verdade é que ele está apavorado, pois acredita nelas.
E sempre que Bolsonaro está em pânico, tende a se radicalizar ainda mais e fazer ainda mais escolhas erradas.
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A ligação do Bolsonaro se fazendo de vítima para a família da vítima do assassino de Foz do Iguaçu têm várias camadas de absurdo é um exemplo cristalino desse pânico.
Uma delas é o fato de Bolsonaro sequer ligar para a viúva e filhos. Decidiu ligar para a parcela bolsonarista da família e lamentar… Não o crime! Mas sim o fato de o presidente estimulou esse tipo de ação com suas falas delinquentes.
Resumindo: o presidente ligou para uma família em luto por um homicídio, para dizer que a vítima no caso de homicídio é ele!
Hoje Bolsonaro se agarra estritamente aos quase 30% de eleitores cativos e radicais e faz uma campanha para deputado federal, onde isso seria suficiente para garantir a sua eleição. Ele se esqueceu ou deliberadamente ignorou do resto do país.
Outro exemplo dessa alienação recente está no contraste de uma fala e uma atitude do presidente: Ano passado Bolsonaro disse que a culpa do desemprego era dos brasileiros que não tinham uma boa formação. Mês passado o governo encaminhou um projeto de lei que acaba com a obrigação de usar os recursos vindos do pré-sal na educação.
Na retaguarda do presidente temos os militares que voltaram a encher o saco (não existe outro termo para explicar isso) do Tribunal Superior Eleitoral e a perturbar a estabilidade institucional do país.
É preciso que fique claro que os militares NÃO estão pensando no Brasil quando pedem ao TSE arquivos que á estão públicos na base de dados do tribunal.
Eles estão fazendo campanha eleitoral velada e consequentemente desestabilizando o país e chafurdando em quantidades suspeitas de Viagra superfaturado.
Enquanto isso os problemas do país seguem avolumando-se e as próximas pesquisas podem ser desfavoráveis ao Bolsonaro.
Quando eu digo que as próximas pesquisas não serão boas para Bolsonaro, não significa que ele irá perder muitos votos ou que Lula irá crescer de maneira assombrosa.
Basta que ele oscile na margem de erro e sua rejeição permaneça na casa dos 60%. E isso vai acontecer. Será pior ainda se Lula crescer mesmo que 1% ou 2% acima da margem de erro.
É hiperativo que Bolsonaro consiga derreter essa rejeição se quiser ter alguma chance de competir de igual para igual com Lula, principalmente se a disputa for para o segundo turno.
A última pesquisa Quaest no Rio de Janeiro publicada nesta quinta-feira (14) dão um “cheiro” disso, no berço do bolsonarismo as pesquisas colocam Lula 38%, Bolsonaro 34%. A diferença é ainda mais assombrosa entre quem ganha menos de 2 salários-mínimos grupo onde Lula vai para 47%, e Bolsonaro a 28%.
O presidente está chegando no período eleitoral com a rejeição altíssima.
Com isso temos as campanhas de rádio e TV. Todos vão tentar tirar uma casquinha do seu eleitorado. Ele é o elo mais fraco e o caminho mais fácil para conseguir angariar os eleitores indecisos.
Não adianta jogar dinheiro de helicóptero ou fazer PEC para comprar votos se as pessoas estão tomando soro de leite e comendo feijão partido, resto de frios, carcaça e pele de frango.
Segundo o IBGE, as vendas do comércio tiveram o pior resultado do ano com crescimento de 0,1% em maio. Nos últimos 12 meses, o acumulado foi uma queda de 0,4%.
É o impacto direto da corrosão do poder de compra e renda. É nesse contexto que teremos a PEC DA COMPRA DE VOTOS. Com as pessoas em situação miserável e passando dificuldades.
Bolsonaro sabe disso, mas aparentemente decidiu ignorar. Não fez e nem vai fazer algo para resolver isso.
Acredito que as prioridades do Brasil – na cabeça de Jair Bolsonaro – sejam garantir a sua reeleição e consequentemente fugir da cadeia.
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