Especialistas indicam que um dos desafios do jornalismo atual é fazer com que a população saiba identificar o que é o “bom jornalismo” e os conteúdos jornalísticos que são de interesse público. A partir dessa identificação, o financiamento será mais direcionado, consideram. A avaliação foi feita durante o seminário “Caminhos para um jornalismo sustentável“, promovido pelo Congresso em Foco com apoio do Google, transmitido ao vivo nesta quinta-feira (7).
Assista à íntegra do evento:
Presidente executiva do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco afirmou que a falta de compreensão do que é o jornalismo e qual é o seu papel em uma democracia impacta negativamente na liberdade de imprensa.
“Um problema fundamental […] é fazer com que a audiência de fato valorize e saiba reconhecer o bom jornalismo”, disse Patrícia. Para ela, uma das saídas é a educação midiática.
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Outro ponto de impacto desse cenário é a forma como os próprios jornalistas são tratados. A presidente executiva do Instituto Palavra Aberta mencionou o acirramento dos ataques a profissionais de imprensa nos últimos anos.
PublicidadeSegundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em 2022 houve 557 ataques contra jornalistas, uma alta de 23% em relação ao ano anterior. A violência de gênero foi a mais frequente, identificada em 145 das agressões.
A diretora da LCA Consultores, Silva Fagá de Almeida, também defendeu a necessidade de deixar mais claro para a população o papel do jornalismo. Para ela, a informação jornalística se assemelha a um “bem público”.
Segundo ela, esse bem tem sido acessado de forma pulverizada no Brasil. O financiamento também se tornou mais plural. O modelo de assinaturas e paywalls é utilizado como fonte de financiamento por somente 12,6% dos veículos jornalísticos.
“O desafio é toda essa heterogeneidade, porque a gente tem dificuldade para definir o que é o conteúdo de interesse público, porque esse, sim, deveria ser o alvo da política pública. E a própria definição de jornalismo de interesse público já é muito difusa”, disse Silvia Fagá.
Nina Weingrill, consultora para organizações de jornalismo local e direitos humanos e pesquisadora da rede Future of Local News, defendeu que a sociedade tenha conhecimento do que é o bom jornalismo.
“Precisamos de fato discutir o que é jornalismo de interesse público”, disse Nina. “Quais são os tipos de jornalismo hoje que a gente recebe que estão dando conta das necessidades básicas de informação?”
Para a jornalista, muitas vezes o jornalismo não atende às necessidades básicas de informação. Esse papel acaba sendo assumido por organizações de bairro ou movimentos sociais, por exemplo, principalmente em locais que são desertos de notícias, ou seja, que não contam com veículos de cobertura local.
“Não adianta a gente falar do ecossistema do jornalismo isolado de todas essas outras organizações, atores e agentes que estão trabalhando para produzir e disseminar informação de necessidade básica, de interesse público dentro dos territórios”, disse Nina Weingrill.
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