Domingos Sávio *
O Brasil corre o risco de fechar 2014 com um Produto Interno Bruto (PIB), índice que revela se a econômica de um país vai bem ou mal, perto de 1%, repetindo assim o fiasco de 2012. O PIB do ano passado será conhecido no final do mês, mas pelas prévias divulgadas pelo Banco Central, o país já estaria atravessando uma recessão técnica, uma vez que, no segundo semestre de 2013, foram registrados dois trimestres seguidos de taxas negativas.
O que está ocorrendo com o país é o seguinte: toda semana os analistas de mercado elevam suas previsões para a inflação, enquanto diminuem as projeções de crescimento do PIB. Não é para menos, pois temos uma economia praticamente parada e um custo de vida perto de 6%.
Esse número, para ser honesto, é muito maior, já que o governo, que controla preços como dos combustíveis, da energia elétrica, dos transportes públicos, faz uma maquiagem com o objetivo de artificialmente manter uma inflação mais baixa. No entanto, uma hora esses preços terão que ser corrigidos, e então veremos que a inflação real é bem maior do que a anunciada pelo governo.
PIB em declínio, inflação fora do controle, déficit nas contas externas e juros acima de 10% são alguns elementos que determinam o atraso do país nos últimos anos. Além disso, a relação entre dívida pública (em torno de 60% do PIB) e gastos públicos (que chegaram próximo a um trilhão em 2013) indica a incompetência gerencial do governo, que destina apenas R$ 63,2 bilhões para investimentos.
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Indicadores tão ruins ameaçam rebaixar a classificação da dívida brasileira pelas principais agências internacionais de risco. Na prática, isso significa juros mais altos para novos investimentos externos no país.
O risco de redução da nota do Brasil, em perspectiva negativa, desde junho de 2013, pela Standard & Poor’s, já provoca estragos na economia do país. Somente essa advertência levou à desvalorização do real em até 10%, e o Ibovespa, entre 10 e 15%. Além de elevar as taxas dos títulos de longo prazo em 1,5 ponto.
Para o cidadão, o governo também foi rebaixado. Sessenta e seis por cento da população pedem mudança, segundo pesquisa do Datafolha de 2013.
Quando Lula lançou Dilma como candidata, analistas políticos a compararam a um poste que seria eleito pelo prestígio do então presidente. Vendida à Nação pelo marketing político como uma gerentona competente e austera, no Palácio do Planalto pregou uma peça no país e afundou a economia.
O modelo de consumo irresponsável esgotou-se, como era previsto, e não há nada para o atual governo oferecer em seu lugar. Gestões em saúde, educação e segurança pública, áreas consideradas prioritárias por todos, se limitaram à propaganda enganosa. Além disso, a contabilidade criativa, a maquiagem das contas públicas e a trapaça com os números foram desmascaradas solenemente.
De real, sobrou uma fatura pesadíssima que resulta de uma política econômica equivocada. Em um último suspiro, Dilma acena tardiamente com mais uma promessa vazia de austeridade nos gastos do governo.
Desmascarando o seu discurso falso, tramita, por exemplo, na Câmara dos Deputados, em regime de urgência, o Projeto de Lei 6655/13, de iniciativa da presidente, que cria mais cargos no Ministério Cultura. Como uma presidente com um extenso histórico de desperdício vai agora economizar o dinheiro público, ainda mais em ano de eleição? O mais provável é que as despesas aumentem e o novo artifício acabe engrossando a crise de confiança em que a gestão da presidente está mergulhada, o que só cria mais danos para o país.
Sem credibilidade, à frente de uma administração desastrosa e com nenhum compromisso com a austeridade, Dilma não tem nenhum capital político para conduzir uma agenda de reformas e correções de rumo que o Brasil necessita para estancar o processo de deterioração da economia brasileira e impedir o país de ficar à margem do desenvolvimento mundial.
Para a sua estabilidade política e econômica, o país precisa afastar o risco Dilma!
* Domingos Sávio (PSDB-MG) é líder da Minoria na Câmara dos Deputados.
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