Acho difícil que Moro tenha escolhido essa posição, mas hoje ele se coloca no mesmo posto que já foi ocupado por Collor e Bolsonaro (seu antigo chefe): o de caçador de marajás.
Um posto ocupado para quem não possui projetos para o país e, tampouco, comprometimento com políticas públicas de qualidade para a sociedade, vide a tragédia econômica que levou milhares de pessoas ao suicídio no governo Collor e empurrou outros milhões para a miséria no governo Bolsonaro.
O ex-presidente do Banco Central Celso Pastore, assessor econômico de Sergio Moro, afirmou, em audiência na Câmara, que o auxílio emergencial foi pago a mais pessoas do que deveria ao citar dados de pobreza absoluta do Brasil. O “posto Ipiranga” do Moro já começou bem:
Sim, no país dos miseráveis, onde pessoas desmaiam de fome nas ruas. Esse aí merece o touro da B3.
E é claro, como um “caçador de marajás”, Moro repete o maldito samba de uma nota só com a tal da corrupção que infelizmente ele também não pode combater tão bem (leia aqui).
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Nas duas vezes que o Brasil elegeu um “caçador” quem acabou vendo a sua renda caçada foram os trabalhadores e pessoas de classe mais baixa.
PublicidadeO Brasil precisa sair (mais uma vez) da época das cruzadas e discutir projetos, visões de país e, principalmente, incluir o brasileiro mais humilde no seu planejamento orçamentário! Qualquer outra coisa fora disso é perfumaria.
Segundo a última pesquisa Atlas, a aprovação de Bolsonaro caiu para 19%, nível mais baixo desde 2019. Já a rejeição ao presidente subiu para 65%.
Tudo por conta da inflação e desemprego. Coisas que a terceira via não consegue falar e mantém o grupo a anos-luz do eleitor médio.
Cartinha de amor
Em um novo episódio da campanha da Lava Jato ao Planalto, Moro lançou um livro na última terça-feira (30) que pode ser considerado uma declaração de amor ao bolsonarismo.
Endossa o que há de pior na extrema-direita brasileira e, quando se lamenta, é para criticar que faltou radicalizar mais em alguns pontos como o pacote anticrime.
Mais vergonhoso ainda foi a euforia de alguns jornalistas que anunciaram uma bomba contra o presidente Jair Bolsonaro que estaria presente no tal livro. Algo que não se concretizou.
Ao que me parece, temos jornalistas que, além de cabos eleitorais, agora também complementam a renda vendendo livros enquanto sujam a carreira.
Talvez a grande “bomba” do tal livro faça mais mal ao próprio biografado do que ao presidente, já que em uma das passagens ele admite que concordou com a troca do comando da PF proposta por Bolsonaro desde que o novo diretor fosse indicado por ele.
Os diálogos da vaza jato publicados pelo The Intercept Brasil revelaram que Deltan Dallagnol, sugeriu que Sergio Moro protegeria Flávio Bolsonaro para não desagradar ao presidente e não perder indicação ao STF.
Inclusive, a acusação do Bolsonaro contra Moro era a de que o ex-ministro só aprovaria a mudança na Polícia Federal se tivesse a sua nomeação ao STF garantida.
Em um dos trechos do livro, ele é taxativo sobre quando perdeu as suas esperanças no governo de um homem que construiu a sua carreira política com discursos de ódio:
“Com aquela recusa do presidente em realizar os vetos solicitados, minhas ilusões quanto ao real compromisso dele com o combate ao crime e à corrupção de desfizeram por completo”.
Os vetos solicitados em questão são referentes ao pacote pró-barbaridade (chamado por Moro de pacote anticrime). Mais precisamente sobre o excludente de ilicitude, que caso fosse aprovado, concederia uma impunidade quase que automática para chacinas como as que ocorreram no Salgueiro.
O outro ponto que incomodou foi o juiz de garantias, que melhoraria o processo penal caso não fosse vítima do ministro Fux, que está segurando a questão no STF. Moro era contra.
Nesse trecho ele deixa bem claro que não se importa com o devido processo legal.
Mas não parou apenas nisso!
Em seu livro, Moro diz que não viu nada de errado na ameaça que o general Villas-Bôas fez ao STF. Notem! É um homem que não vê problema em as instituições da República serem ameaçadas com um fuzil. Esse é um verdadeiro “democrata”!
Também disse não ter visto nada de errado quando o presidente deu um discurso, em abril de 2020, na frente do QG do exército em Brasília pregando a sublevação dos militares contra as instituições. E ainda pede para que os militares – fator constante de desestabilização e insegurança no país – sejam reconhecidos pela sua contribuição pela união do país.
Ele ainda declara sobre como trabalhou diariamente para sequestrar a base de apoio e o eleitorado de Jair Bolsonaro.
Ou seja, seu livro é uma declaração do próprio Moro de que ele seria mais bolsonarista que o próprio Bolsonaro.
Mas e a bomba?!
Moro fez apenas um monte de alegações que, como sempre, não possuem provas e embora tenha abandonado a magistratura, segue com a sua dificuldade crônica de provar acusações.
Moro, durante quase toda a sua carreira nos tribunais, inverteu a lógica: o ônus da prova é do acusado.
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