Por trás de cada vida perdida para a covid-19, um rosto, uma família, uma história interrompida. Muito além de qualquer estatística. Alguns comparativos, no entanto, ajudam a dimensionar o tamanho da tragédia que se abateu sobre o país, o segundo até agora no total de mortes causadas diretamente pela pandemia, atrás somente dos Estados Unidos.
O Brasil chegou nesta sexta-feira à marca de 600 mil mortos por covid-19, número superior à população de 99,3% dos municípios brasileiros. De acordo com pesquisa do IBGE divulgada este ano, apenas 37 das 5.570 cidades do país têm mais de 600 mil habitantes. O número também é maior que a população de 34 países.
Para se ter uma ideia, segundo o Aviation Safety Network, em 2020, ocorreram oito acidentes fatais com aeronaves comerciais que deixaram 315 mortos. Ou seja, o número de mortes por covid-19 no país equivale a mais de 1.900 vezes ao total de vítimas fatais de desastres aéreos em todo o mundo.
Levantamento do Ministério da Saúde mostra que nesta sexta-feira (8) que 18.172 novos casos da doença foram registrados no sistema de monitoramento. No total, o país registrou até o momento 21.550.730 casos de infecção pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. O informativo também traz os dados sobre óbitos em decorrência de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que somam 3.127 casos e que estão sob investigação de órgãos competentes.
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Desaceleração
Apesar do surgimento diário de novos casos, a pandemia dá sinais de desaceleração. Essa é a percepção de Raphael Guimarães, pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que lembra que, em outubro de 2020, eram notificados uma média de 1.300 mortes diárias no país. “Foi a pior fase da pandemia. E hoje a gente está aí nessa relativa estabilidade em torno de 500 casos. Hoje a gente tem um panorama um pouco melhor, mas ainda é um panorama que nos inspira muitos cuidados”, explica o pesquisador.
PublicidadePara Raphael, a vacinação foi essencial para que o Brasil conseguisse reverter a tendência crescente de mortes. “O que acabou acontecendo ao longo dos últimos meses foi que o aumento da cobertura vacinal, feito de forma gradativa, fez com que a gente tivesse cada vez mais pessoas protegidas contra as formas graves e fatais. A vacinação diminui a quantidade de óbitos efetivos e também reduz a pressão sobre o sistema de saúde, que, com menos internações, consegue ter um ‘respiro’.”