Na sequência de Jair Bolsonaro, Ciro Gomes foi o segundo candidato à presidência nas Eleições de 2022 a ser sabatinado pelo Jornal Nacional. Durante a entrevista, o pedetista foi questionado sobre como faria, se eleito, para conseguir governabilidade dentro do Congresso Nacional, uma vez que sua candidatura é isolada em seu partido e não tem apoio político mais ampliado. Um dos pilares de suas soluções seria a adoção da democracia direta para solução de conflitos com o parlamento.
A governabilidade no poder legislativo é um ponto considerado frágil para a campanha de Ciro Gomes. Seu partido, o PDT, sofre um declínio no tamanho de sua bancada desde as eleições de 1994, e não alcançou mais do que 28 deputados federais desde o início do século 21. Em seu Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), livro utilizado como base de seu programa de governo, Ciro se propõe a buscar alternativas fora do Congresso Nacional.
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O pilar central de sua busca por governabilidade, conforme explicado no PND e também na entrevista, é estabelecer um pacto orçamentário com governadores e prefeitos, perdoando parte da dívida pública em troca de apoio político em seus projetos que venham a exigir o aval do legislativo. “[Com isso] eu vou conseguir uma mediação generosa. Persistindo o impasse, é ao Congresso que interessa chamar a população para desblindar esse impasse”, acrescentou para justificar o uso dos plebiscitos.
Renata Vasconcellos chamou a atenção para o uso de plebiscitos em países autoritários para que líderes autoritários consigam legitimar suas ações ou expandir sua própria autoridade, prática comum em ditaduras da América Latina e do leste europeu. Em resposta, Ciro afirmou que faria “olhando mais para a Europa e os Estados Unidos do que para a Venezuela”, país onde disse considerar abominável o regime político.
O candidato ainda complementou dizendo que “é muito clara a minha distinção com esse populismo sul-americano que infelizmente o PT replica aqui, [Daniel] Ortega na Nicarágua”. Na realidade, a única consulta popular em nível federal realizada nos governos petistas se deu em 2005, em um referendo para decidir sobre a comercialização de armas no Brasil. Um projeto de lei foi apresentado no governo Lula para facilitar a realização de tais consultas, mas ainda se encontra parado na Câmara dos Deputados.
Ciro Gomes avalia que o uso de consultas populares ainda poderia permitir uma melhor governabilidade do que o presidencialismo de coalizão. “É uma tentativa de se libertar o Brasil de uma crise que corrompeu organicamente a presidência da república, que transformou a presidência da república em uma espécie de esconderijo do pacto de corrupção e fisiologia do Brasil. Chegamos ao limite das emendas de relator”, declarou.
O próximo candidato a ser entrevistado, na quinta-feira (25), será Lula. Na sequência, as sabatinas do Jornal Nacional serão encerradas com a participação da candidata Simone Tebet (MDB-MS).