A escritora e jornalista Márcia Denser faleceu, aos 74 anos, nesta sexta-feira (5). A família divulgou a informação nos perfis da escritora no X (antigo Twitter) e no Facebook sem esclarecer a causa do óbito. “Momento de grande dor na família. Ela foi em paz”, diz a postagem.
Márcia Denser foi colunista regular do Congresso em Foco durante oito anos, até 2013. Após essa data suas contribuições se tornaram bastante eventuais. Estreou em outubro de 2005 com o texto Olhar blindado, no qual deu mostras do tom crítico e mobilizador que marcaria sua coluna.
“Blindem o olhar”, escreveu ela. “Armem-se até os dentes, confrontem as imagens, tentem não sucumbir à fascinação soporífera da telinha. O embotamento crítico, a estupidez satisfeita e a covardia generalizada – as três características mais marcantes dos brasileiros pós-90 – começam aí”.
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Os textos publicados originalmente neste site deram origem à última obra da escritora, o livro DesEstórias, uma coletânea de artigos “intensamente subversivos”, segundo definição da própria autora.
Veja os artigos publicados por Márcia Denser no Congresso em Foco
Formada em Comunicação e Artes pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 1974, e mestre em Comunicação pela PUC-SP, Márcia Denser estreou na literatura com a coletânea de contos Tango fantasma.
PublicidadeSua obra também inclui um romance (Caim, de 2006), um livro infantil (A ponte das estrelas, de 1994) e vários outros livros de contos. Entre eles, Diana Caçadora (1986), Toda prosa (2002) e Toda prosa II (2008).
Dos dos seus contos, “O vampiro da Alameda Casa Branca” e “Hell’s Angels”, foram selecionados por Ítalo Moriconi para uma obra que se tornou um clássico, Os cem melhores contos brasileiros do século (Objetiva, 2000).
Como jornalista, Márcia Denser – que foi casada com o também escritor Raduam Nassar – trabalhou para a Folha de S.Paulo e para as revistas Nova e Vogue. Também foi curadora de literatura do Centro Cultural São Paulo, mantido pela prefeitura paulistana. Nos últimos anos, já aposentada, dividia-se entre a realização de cursos e oficinas literárias e forte atuação nas redes sociais, onde conquistou dezenas de milhares de seguidores.
Nessa trincheira, foi uma voz crítica à ascensão da extrema direita no país e no mundo. Valia-se para isso tanto da sua habilidade como escritora quanto da sua permanente vigilância em relação aos rumos políticos, econômicos e comportamentais da sociedade.
Em seu último artigo publicado neste site (em 2018), “Desmundo”, ela propõe uma reflexão diante do mercantilismo feroz e dos seus impactos na realidade material, citando Alain Badiou e Walter Benjamin.
“La Denser”, como ela também era conhecida nos meios intelectuais e artísticos de São Paulo, usou recentemente as redes sociais para pedir ajuda financeira, destinada a custear o tratamento da osteoporose. Deu certo e ela agradeceu pelo êxito na arrecadação, em post publicado no Facebook em 6 de março: