O ex-governador Márcio França, do PSB, desistiu de concorrer ao governo de São Paulo, a apoiará a candidatura de Fernando Haddad, do PT, no estado. A composição é uma importante vitória para o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Com a desistência, França concorrerá a uma vaga ao Senado, com o apoio do PT na chapa que pretende eleger Lula presidente.
Desde o final do ano passado, Márcio França vinha propondo que PT e PSB realizassem uma pesquisa testando a sua candidatura e a de Haddad. Propunha que aquele que aparecesse atrás nessa pesquisa abrisse mão da sua candidatura em favor do outro. França achava que sua candidatura poderia ser mais palatável do que a de Haddad especialmente no interior de São Paulo, que tem um perfil mais conversador e poderia rejeitar o petista. Mas o PT não aceitou a ideia da pesquisa proposta por França. Na prática, porém, as pesquisas que vieram a ser feitas por outros institutos não corroboravam a impressão de Márcio França.
Pesquisa do Instituto Datafolha publicada no dia 30 de junho apresentou Haddad com 34% das intenções de voto contra 13% dados a seus principais adversários, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) e o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos), com Márcio França fora do páreo. Em um cenário com Márcio França na disputa, Haddad seguia liderando com 28% contra 16% dados a França, 12% para Tarcísio e 10% para Garcia.
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Ou seja: os dois cenários indicam que no momento em que França sai da disputa, boa parte dos votos que eram dele seguem para Haddad, aumentando a sua vantagem sobre os adversários. Assim, França e o PSB começaram a considerar que sua saída do páreo era a melhor alternativa.
O ex-governador acertou, então, que, para a sua retirada, o PT deveria apoiá-lo para o Senado. O que ficou acertado. Segundo informações, a atual mulher de Lula, Rosângela da Silva, a Janja, teve papel importante na definição. No domingo (3), Lula almoçava com Janja, França e com a mulher do ex-governador, Lúcia França. Que, à mesa, reclamou que o PT não costuma cumprir seus acordos. Janja teria respondido não saber como eram as coisas antes da sua chegada. Mas, que agora, ela dava a sua palavra de que o acordo seria cumprido. Após isso, Lula quis que a aliança fosse anunciada naquele momento. Mas França pediu mais um tempo.
E o tempo pedido por França é para tentar ampliar ainda mais a aliança. Ele terá uma conversa com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e tentará convencer Kassab a também se integrar à composição em favor de Lula. No PSD, há alguns políticos que já se declararam em favor do candidato do PT, como os senadores Otto Alencar (BA) e Omar Aziz (AM).
Problema agora é o Rio
Definida a questão em São Paulo, o grande problema agora para Lula é o Rio de Janeiro. Segue sem definição no Rio como se dará a composição da chapa entre o PT e o PSB para o Senado.
Na quinta-feira (7), Lula deverá estar no Rio para anunciar o apoio do PT à candidatura ao governo do estado do deputado Marcelo Freixo, do PSB. Mas o imbróglio ali diz respeito ao Senado.
O presidente regional do PSB, deputado Alessandro Molon, ambiciona a vaga para o Senado. Mas também a deseja o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano, do PT.
Embora não haja no PSB nenhuma sinalização ainda de conversa até a quinta, há uma expectativa de algum aceno por parte do PT. O impasse em torno da candidatura ao Senado tinha levado o comando da campanha de Lula a considerar mesmo adiar o anúncio do apoio a Freixo. A agenda, porém, acabou mantida. No PSB, isso tem sido avaliado como um sinal de que algum acerto possa, então, ocorrer. Molon é o presidente do PSB no Rio. E seria, avaliam, muito constrangedor que houvesse uma cerimônia de apoio a Freixo deixando a questão da candidatura ao Senado em aberto. As próximas horas dirão se haverá ou não algum avanço.