Relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produzido em 10 de janeiro mostra que o Sul e o Sudeste foram as regiões que mais enviaram caravanas de ônibus fretados, de 4 a 8 de janeiro de 2023, para participar de atos golpistas na Esplanada dos Ministérios.
O Congresso em Foco obteve acesso ao documento, que está em sigilo. Segundo o relatório, foram 103 ônibus. Foram identificados 83 indivíduos contratantes de 89 ônibus e mais três organizações contratantes de 14 ônibus fretados. Os veículos trouxeram 3.875 pessoas a Brasília em 5 dias.
Em quantidade de ônibus fretados, a maior quantidade veio, na ordem, de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Depois vêm estados do Centro-Oeste: Goiás, Mato Grosso e Tocantins. Também há registros de caravanas que partiram de Rondônia, Bahia e Ceará.
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O objetivo, de acordo com o documento, era trazer manifestantes bolsonaristas de diversos estados para o ato denominado “Tomada pelo Povo”, organizado para 8 de janeiro. No dia marcado, manifestantes foram à Praça dos Três Poderes e promoveram uma tentativa de golpe de Estado, depredando as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Pulverização e “laranjas”
O relatório afirma que, nos dias 7, 8 e 9 de janeiro de 2023 houve uma série de bloqueios organizados a refinarias e bases de distribuição de combustíveis em todo o país, assim como a organização de várias caravanas com destino a Brasília. O intuito era reverter o esvaziamento do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército.
O documento registra que, a partir do acampamento, os manifestantes planejaram se dirigir à Esplanada dos Ministérios e declararam intenção de invadir o Congresso Nacional.
Publicidade“Destaca-se a grande pulverização dos contratantes de fretados. Foram observadas nos últimos dias diversas iniciativas de financiamento coletivo para as caravanas. No entanto, existem também indícios de contratação de múltiplos fretamentos de uma só vez, havendo disponibilização de transporte alegadamente gratuito a quem se dispusesse a viajar”, aponta o documento.
Diante disso, a Abin considera que é provável que vários dos contratantes foram empregados como “laranjas” com o intuito de esconder os verdadeiros financiadores das caravanas e dos manifestantes.