Professora de formação, de ofício e de militância. É assim que se autodeclara a mais nova senadora do PT, a pedagoga pernambucana aposentada Teresa Leitão. Aos 71 anos, Teresa se despede do quinto mandato de deputada estadual, depois de construir uma trajetória no sindicalismo, para assumir pela primeira vez um mandato federal. Uma das quatro mulheres eleitas para o Senado no último dia 1º, Teresa sabe que encontrará em Brasília um ambiente predominantemente masculino e o Congresso mais conservador das últimas décadas.
Acima das diferenças entre os parlamentares, todos terão um desafio em comum, na avaliação da petista: “Teremos de restaurar a confiança do povo na política. A vulgaridade de Bolsonaro, a descrença com que ele trata o mais alto cargo do país, o de presidente da República, é um desserviço muito grande à política”.
Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, Teresa Leitão defende que o ex-presidente Lula (PT) seja mais agressivo nos debates com Jair Bolsonaro (PL) e “desmascare” o atual presidente da República.
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“O embate tem de ser mais duro. Estamos diante de um crápula, irresponsável, genocida, que flerta com o fascismo e é um corrupto”, afirma. “Essa pecha de que o PT é um partido corrupto não tem mais lugar na história. Isso não pode prevalecer, porque não é verdade. Não tem presidente mais corrupto que Bolsonaro”, acrescenta.
Para Teresa, Lula pode mostrar os instrumentos que os governos do PT criaram para o controle e a fiscalização das ações governamentais e ser mais contundente nas críticas a Bolsonaro.
Publicidade“Temos de dizer a Bolsonaro que corrupto é ele. Tem de passar isso na cara de Bolsonaro com uma linguagem que o povo entenda”, diz. “Quando ele diz que Lula tem relação com o tráfico, tem de perguntar pelo avião cheio de cocaína. Avião da FAB, com pessoas dele. Tem de encostar mais e explicitar melhor a corrupção no governo Bolsonaro. O orçamento secreto é um aspecto da corrupção. Mas as pessoas não sabem direito o que é”, ressalta.
A senadora eleita, que se recupera de uma queda ocorrida nas vésperas do primeiro turno, defende que a campanha do ex-presidente não pode cair em provocações dos adversários nem entrar na chamada pauta de costumes nesta reta final. Deve, em vez disso, concentrar-se na apresentação das propostas para o enfrentamento da fome e da pobreza no país. “Quando ele nos agride, a gente precisa revidar. Não é rebaixar o debate”, defende Teresa.
Natural de Olinda, ela chega ao Senado fazendo história em seu estado: é a primeira pernambucana eleita senadora. A petista recebeu 46,12% dos votos válidos e ocupará a vaga deixada pelo ex-líder do governo Bolsonaro Fernando Bezerra Coelho (MDB), que não tentou se reeleger.
No trecho abaixo, Teresa diz que o Nordeste, onde Lula teve vitória folgada sobre Bolsonaro no primeiro turno, pode fazer diferença em relação a outros colégios eleitorais. A senadora, no entanto, admite que Bolsonaro tem crescido na região. Mesmo assim, ela aposta no crescimento da votação do petista.
(Edição de vídeo: Tiago Rodrigues)