As rodadas mais recentes de pesquisas nos estados começaram a revelar um reflexo da atual onda favorável ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que se reflete nas eleições para governador e poderá também se refletir nas eleições do próximo Congresso.
Em diversos estados, candidatos ligados à candidatura petista experimentaram avanços significativos. De um modo geral, os palanques favoritos permanecem os mesmos, mas diversas vantagens diminuíram e aliados de Lula cresceram. Caso, por exemplo, do Distrito Federal, onde o candidato apoiado por Lula, Leandro Grass, do PV, ultrapassou Paulo Octávio, do PDS, e Leila Barros, do PDT, e aparece agora em segundo, inclusive projetando um segundo turno com o bolsonarista e atual governador Ibaneis Rocha, do MDB.
Ou na Bahia, onde a vantagem de ACM Neto, do União Brasil, que chegou a ser de 38 pontos percentuais, caiu para 17 pontos e onde o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, em duas rodadas subiu de 16% para 31%.
O mesmo tipo de fenômeno que no momento turbina candidaturas diretamente vinculadas a Lula para o comando dos estados poderá vir a acontecer nas eleições parlamentares, algo que não é tão fácil assim de detectar nas pesquisas.
Mas há informações de que os dois principais partidos do Centrão, que previam a eleição de grandes bancadas na esteira da votação dada ao presidente Jair Bolsonaro, do PL, na sua tentativa de reeleição, começaram a rever para baixo as suas estimativas.
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No caso de Lula, segundo uma fonte diretamente ligada à sua campanha, há uma previsão de que a atual federação formada pelo PT, pelo PV e pelo PCdoB e mais o PSB do candidato a vice, Geraldo Alckmin, eleja entre 140 e 150 deputados. No caso específico do PSB, de acordo com outra fonte, os cálculos do partido são de eleger em torno de 26 deputados.
PublicidadeInicialmente, a projeção mais pessimista indicava que o Centrão bolsonarista poderia dividir o Congresso elegendo número equivalente. Ainda é uma possibilidade. Mas agora se estima que Lula possa vir a ampliar a sua base – ou, pelo menos, estabelecer bancadas com que possa manter depois diálogo.
O Solidariedade, que também apoia Lula, tem chance de eleger dois governadores: Clécio Nunes, no Amapá, e Marília Arraes, em Pernambuco, e isso pode se refletir na eleição de parlamentares.
Além disso, há conversas de Lula nos bastidores, algumas mais outras menos assumidas, com setores do MDB, PSDB, União Brasil e PSD.
As duas fontes ligadas a Lula projetam, porém, para a possibilidade, então, de um ambiente mais ampliado de acerto político com o próximo Congresso. Especialmente se Lula vier mesmo a resolver a eleição no primeiro turno.
É claro, não há ilusão de que o Centrão vá ficar completamente enfraquecido. Inclusive, é ainda bem provável que Arthur Lira (PP-AL) tenha força para se reeleger presidente da Câmara. Especialmente se Lula cometer erros semelhantes aos de Dilma Rousseff quando colocou Arlindo Chinaglia à época para concorrer com Eduardo Cunha.
Mas certamente Lira não terá, caso siga no comando, a mesma capacidade de inviabilizar um eventual governo Lula como Eduardo Cunha teve com Dilma. No caso, Dilma vinha de uma eleição decidida cabeça a cabeça com Aécio Neves. Se as pesquisas estiveram corretas, Lula pode vencer no primeiro turno ou no segundo com uma margem bem mais larga. Não haverá, portanto, um país tão dividido que promova ambiente semelhante àquele no qual Eduardo Cunha surfou.
É com esse cenário que os analistas da campanha de Lula agora trabalham. Um diálogo ampliado ao centro, não ao Centrão, especialmente com União Brasil (que tem chance de eleger sete governadores) e MDB (que pode eleger quatro), mais Solidariedade e PSD. Uma composição que poderá trazer um Lula mais mediador para atravessar a turbulência. Com papeis importantes também para Geraldo Alckmin e para Márcio França. Mas aí isso já será tema do próximo comentário…