A gente sofreu uma baita lavagem cerebral para canalizar todo o ódio ao Lula e ao PT, responsabilizando-os por toda a corrupção, real e existente de fato. Eu também pensava assim. Eram aqueles dutos saindo dinheiro quase todos os dias na TV, prisões hollywoodianas de políticos, empresários e funcionários graduados de estatais. Emocionava, nos orgulhava e sentíamos um clima de “agora vai”! Afinal, “a corrupção mata”.
Estive próxima ao Deltan Dallagnol, principal nome da força-tarefa da Lava Jato. Ganhei prêmios e reconhecimento do MPF em São Paulo e da Procuradoria-Geral da República em Brasília, como representante da sociedade civil organizada pelo combate à corrupção e pelas “10 medidas contra a corrupção”. Falo isso não por vaidade, já passei dessa fase há muito tempo, mas para que entendam que tenho muito apreço pelo combate à corrupção. Estive de alguma forma próxima à Lava Jato e não estou fazendo você perder o seu tempo.
A Lava Jato procurou desesperadamente dinheiro do Lula, da esposa, dos filhos, da família toda, e nada. Afinal, as ruas e as redes clamavam pela sua prisão. De nada adiantaria todo aquele movimento se não prendessem “o chefe da quadrilha”.
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E o que eles acharam depois de revirarem a família toda? Nada. Nenhum centavo. Nem os R$ 300 milhões anunciados, nem 1 real da corrupção. Lula foi condenado por um triplex no Guarujá que nunca usou e que nunca esteve em seu nome. “Prova “circunstancial”; “tudo leva a crer que…”. Decisão confirmada em outra instância, pois ninguém, nenhuma corte naquele momento, iria contra a decisão do super-herói juiz Sergio Moro, da opinião pública, que já tinha condenado Lula, e das turbas nas redes e nas ruas com seus bonecos gigantes de Lula presidiário. “Lula é ladrão, o seu lugar é na prisão” era o grito de guerra.
Os esquemas na Petrobras, das construtoras e estatais já estavam lá antes de o PT chegar ao poder.
A corrução não era do PT e sim foi apurada na era PT.
Lula sabia?
Provavelmente sabia, não sabemos quanto, mas sim.
Por que não parou? Por que deixou?
Política é priorizar. Se fizermos o exercício da empatia, palavra na moda, e nos colocarmos no lugar de Lula, que tentava ser presidente há muitas eleições, que tinha os empresários com receio de um governo “comunista” dizendo que iriam embora do país, era preciso fazer escolhas. Lula tem que escolher entre fazer um bom governo para todos ou tentar desmontar os esquemas do Centrão, da Petrobras, das construtoras. Um adendo: Jair não só não combateu a corrupção e o Centrão como se amalgamou e potencializou o poder desse grupo como nunca. Eles detêm o orçamento e quem detém o orçamento tem o poder.
Lula escolheu fazer o melhor governo. Melhorou a vida dos pobres, da classe média, dos ricos. Deu acesso à universidade e a bens de consumo aos mais pobres. Tirou o Brasil do mapa da fome e nos colocou como sexta maior economia do mundo. Se ele tivesse tentado bater de frente contra a corrupção latente pujante e vigente, teriam puxado o tapete dele, não teria ficado nem um mandato. Como fizeram com Dilma. Quando a água bateu no umbigo, Eduardo Cunha colocou o processo do impeachment na mesa e trabalhou para que fosse aprovado.
E uma informação relevante que desmantela aqueles chavões “o PT foi o que mais roubou” ou “o PT institucionalizou a corrupção”: de todos os partidos com tamanho similar, o PT foi o que teve MENOS políticos acusados na Lava Jato. O PT não é pior que nenhum outro partido. Mas Jair Messias Bolsonaro é, sem dúvida alguma, o pior presidente da história do Brasil.
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