O presidente Lula disse que adotou postura “acanhada” durante campanhas nas eleições municipais buscando evitar desgastes com bancadas do Congresso. Em entrevista à rádio O Povo/CBN, do Ceará, nesta sexta-feira (11), o petista justificou que sua base de apoio em Brasília é muito ampla e avaliou o desempenho do PT no primeiro turno.
“Essa eleição eu tive uma participação mais acanhada, porque eu sou o presidente da República, eu tenho uma base no Congresso Nacional muito ampla. Em São Paulo eu me dediquei um pouco, fui duas vezes, porque lá é uma briga que está estabelecida entre lulismo e bolsonarismo”, disse, ao garantir que ajudará Guilherme Boulos (Psol) como puder neste segundo turno.
Boulos, após cumprir agenda de campanha na capital paulista, na quinta (10), embarcou para Brasília para uma reunião com Lula e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para apresentar propostas para São Paulo e gravar participações com o presidente para o programa eleitoral, que retorna às TVs e rádios nesta sexta.
Lula fez um balanço do desempenho do PT no primeiro turno da disputa e defendeu que é preciso “rediscutir” o papel da legenda. Segundo ele, a sigla teve um bom desempenho no Nordeste; no Rio Grande do Sul, com a deputada Maria do Rosário indo para o segundo turno na capital Porto Alegre; e em Minas Gerais, onde o partido garantiu a prefeitura de duas grandes cidades: Juiz de Fora, com Margarida Salomão, e Contagem, com Marília Campos. Já em São Paulo, o petista reconhece que o partido não teve um bom desempenho.
“O PT cresceu em número de prefeitos, o PT cresceu em número de vereadores. Mas o PT já governou São Paulo, Porto Alegre, já governou outras capitais importantes, cidades que nós não governamos. Nós perdemos São Bernardo (SP), Santo André (SP), estamos no segundo turno em Diadema (SP) e Mauá (SP). O dado concreto é que o PT perdeu inclusive em Araraquara (SP), que é uma cidade que todo mundo tinha certeza que a gente ia ganhar. Teresina (PI), até uma semana antes das eleições, todo mundo dava a eleição do candidato do PT e não aconteceu, coisa de eleição. A gente nunca tinha ganhado em Teresina, é preciso lembrar que o Wellington (Dias) foi governador por oito anos, deixou o governo e foi eleito senador, e depois de dois anos tentou ser candidato a prefeito e só teve 15% dos votos”, relembrou.
“Na Bahia, a gente nunca conseguiu eleger prefeito, em Salvador, onde a gente tem governo há 20 anos. Em SP, a gente nunca teve o governo do estado, mas já elegeu a capital três vezes. Já governamos Campinas (SP), São Bernardo, Santo André, Guarulhos, Osasco, nós já governamos em São Paulo 24 milhões de pessoas na grande SP durante muito tempo. Mas chega um momento em que você perde, chega um momento em que as pessoas mais importantes estão fazendo outras coisas”, completou.
PublicidadeO PT conseguiu eleger 248 prefeitos no primeiro turno e disputa o segundo turno em 13 cidades, dentre elas as capitais Fortaleza, Porto Alegre, Natal e Cuiabá. Na eleição de 2020, foram eleitos 182 prefeitos, mas nenhum foi em capitais. Este ano, 168 prefeitos eleitos foram no Nordeste, cerca de 70%. Piauí, com 50, e Bahia, com 49, foram os estados com mais prefeituras eleitas.
Apesar de reconhecer a importância das prefeituras ante o acesso da população a políticas públicas, Lula declarou que as eleições municipais não influenciam os resultados das eleições nacionais.
“Toda vez que termina uma eleição aparecem os vencedores, os herois, e que acham que o mundo a partir dali mudou. A eleição de prefeito na verdade não tem muita incidência numa eleição presidencial. Porque nem todo prefeito no segundo ano de mandato está bem.(…) O prefeito no primeiro ano herda o orçamento do prefeito anterior. Ele só vai começar a fazer o seu orçamento no ano seguinte. No primeiro ano, o povo não cobra nada, porque é o ano que o cara ganhou e tem que arrumar a casa. Mas no segundo ano ele já começa a dever expectativa para o povo. Toda vez que você vai no palanque e anuncia o prefeito, ele é vaiado. Quando você anuncia o cara que perdeu, ele é aplaudido”, comentou o presidente.