O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, na manhã desta terça-feira (15), o lançamento de sua chapa para disputar a presidência com o ex-governador Geraldo Alckmin como vice, e afirmou que “o desafio, mais que ganhar, é consertar o Brasil”.
“Falta eu me definir como candidato e Alckmin escolher partido. Se o Alckmin como meu vice me ajudar a governar, não vejo nenhum problema dele ser meu vice. As divergências serão colocadas de lado, porque o desafio, mais que ganhar, é consertar o Brasil”, disse durante entrevista concedida para a rádio Banda B, de Curitiba.
O pré-candidato falou, ainda, sobre a viagem de Jair Bolsonaro à Rússia, da candidatura do ex-juiz Sergio Moro ao Planalto e teceu críticas ao vereador Renato Freitas (PT), que invadiu uma igreja católica e interrompeu a missa para protestar contra a morte do congolês Moïse Kabagambe.
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Candidatura de Moro
Sobre a disputa de Sergio Moro à presidência, Lula afirmou, mais uma vez, que o ex-juiz da Lava Jato sempre teve a pretensão de ser político, e apontou Moro como cidadão mentiroso, de má fé e sem preparação para exercer a magistratura.
“Esse cidadão sempre teve a pretensão de ser político, ele sempre teve a pretensão de sair da mediocridade que ele é enquanto pessoa humana para ganhar notoriedade na política, e agora ele tem uma chance. Nós tivemos nesse país cinco anos em que o Moro aparecia todo dia de forma favorável e o Lula aparecia de forma desfavorável. Como eu sou um homem que crê em Deus, que tenho fé, que creio na minha inocência, eu pude provar que esse cidadão era mentiroso, que tinha má fé, que não estava preparado para ser juiz. Ele, na verdade, queria ser político. Agora ele pode provar o que ele é”, conclui.
Assista:
Bolsonaro em Moscou
O ex-presidente também criticou a viagem de Bolsonaro à Rússia, para onde decolou na segunda (14). O chefe do Planalto se encontra em Moscou para um encontro com o presidente Vladimir Putin. A visita foi questionada pela comunidade internacional e desaconselhada pela diplomacia brasileira, que, além de se preocupar com o risco de chegar ao país em meio a uma possível guerra, também alerta para que Bolsonaro não comprometa a imagem do Brasil com declarações polêmicas.
Lula pontuou o fato da agenda presidencial não ter sido divulgada pela equipe do presidente, e disse que a expectativa é que Bolsonaro “faça alguma coisa útil” e não volte ao Brasil mentindo.
“Eu não sei o que Bolsonaro foi fazer lá. Normalmente, quando o presidente viaja, a agenda é divulgada com antecedência, com quem ele vai se reunir, o que ele vai fazer lá. O que eu espero é que o presidente da República, quando viaja, ele leve uma pauta séria para discutir, seriamente, com outro presidente, e depois saber quais os benefícios o Brasil ganhou com a viagem. Eu espero que, pelo menos agora no final do mandato, ele faça uma coisa útil e não volte para cá mentindo”.
Cassação de Renato Freitas
Lula foi questionado sobre os pedidos de cassação do vereador petista Renato Freitas. Em 5 de fevereiro, o vereador liderou uma invasão de dezenas de pessoas com bandeiras do PT e do PCB à Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Curitiba, e interrompeu a missa aos gritos de palavras como “racistas” e “fascistas”. O padre solicitou que os manifestantes se retirassem para continuar a celebração, mas o pedido não foi atendido.
Dentro da igreja, Freitas fez um discurso dizendo que os católicos tinham apoiado um “policial que está no poder”, e atribuiu a eles a culpa do assassinato de Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, uma vez que os católicos conviviam com autoridades “fascistas”. A Câmara Municipal da capital paranaense avalia um pedido de cassação do mandato do vereador após o episódio.
Lula criticou a conduta do colega de partido, e disse que o político deveria pedir desculpas pelo ocorrido.
“A primeira coisa que eu queria dizer ao povo do Paraná é que o nosso vereador tem o direito de fazer protesto contra o racismo. Agora, o que ele não tem direito é de invadir igreja, de entrar numa casa religiosa para fazer seu protesto. Então, ele está errado. E se ele está errado, ele precisa, humildemente, entender que a palavra desculpa não diminui a pessoa. E tem outro tipo de protestar. Nosso vereador deve ter aprendido que ele pode chegar ao padre e pedir que faça uma missa para o povo negro de Curitiba, e lá protestar e homenagear os que fizeram a igreja. Ele pode fazer um ofício ao governador para que peça ao bispo para que aquela igreja tenha um padre, ou dois, negros. O que não tem sentido é invadir a igreja”, disse.
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