O candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) afirmou, na manhã desta quinta-feira (18), que seu adversário Jair Bolsonaro (PSL) criou uma “verdadeira organização criminosa” com apoio de empresários e que “joga nas sombras”. O PT, partido de Haddad, divulgou nota (leia íntegra mais abaixo) afirmando que “ação coordenada para influir no processo eleitoral” não pode ser ignorada pela Justiça. Bolsonaro não comentou o assunto oficialmente até o fim da manhã de hoje.
Em sua conta no Twitter, Haddad afirma que o adversário joga sujo e “na sombra o tempo todo”.
A declaração foi publicada após a revelação do jornal Folha de S.Paulo de que empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp, prática que configura crime eleitoral. Ainda segundo a reportagem da Folha, uma grande operação para a próxima semana, que antecede o segundo turno, está prevista.
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De acordo com a reportagem do jornal, cada contrato chega a R$ 12 milhões e entre as empresas compradoras está a Havan, cujo dono faz campanha aberta em favor de Bolsonaro. Ele nega, porém, que tenha feito esse tipo de contratação. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.
Em prática ilegal, empresas bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp, diz Folha
O petista usou as contas no Twitter e no Facebook para afirma que vai acionar a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral. “Fazer conluio com dinheiro de caixa 2 pra violar a vontade popular é crime. Ele que foge dos debates, não vai poder fugir da Justiça”, escreveu.
PublicidadeEm encontro com juristas nesta manhã, o petista afirmou ainda temer que a Justiça eleitoral e a imprensa não cumpram “seus deveres institucionais” por estarem “inibidas pela violência”.
Bolsonaro não se manifestou oficialmente sobre o assunto até as 11h50 desta quinta-feira. Em sua conta no Twitter, o candidato de extrema-direita republicou uma postagem de seu filho, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSL), que chama a Folha de “Foice de SP” e acusa o jornal de “contar meias verdades e mentiras descontextualizadas”.
A foice de SP junto com a petralhada não se cansa de contar meias verdades ou mentiras descontextualizadas. O desespero de ambos é justificável! Vão perder a boquinha que o partido mais corrupto do Brasil bancou ao longo de seu tempo no poder!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 18 de outubro de 2018
Em nota oficial, o PT afirma que já acionou a Justiça e a PF para investigar o caso e que “métodos criminosos do deputado Jair Bolsonaro são intoleráveis na democracia”.
Leia a íntegra da nota do PT:
“Reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (18) confirma o que o PT vem denunciando ao longo do processo eleitoral: a campanha do deputado Jair Bolsonaro recebe financiamento ilegal e milionário de grandes empresas para manter uma indústria de mentiras na rede social WhatsApp.
Pelo menos quatro empresas foram contratadas para disparar mensagens ofensivas e mentirosas contra o PT e o candidato Fernando Haddad, segundo a reportagem, a preços que chegam a R$ 12 milhões. A indústria de mentiras vale-se de números telefônicos no estrangeiro, para dificultar a identificação e burlar as regras da rede social.
É uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune. O PT requereu nesta quarta (17), à Polícia Federal, uma investigação das práticas criminosas do deputado Jair Bolsonaro. Estamos tomando todas as medidas judiciais para que ele responda por seus crimes, dentre eles o uso de caixa 2, pois os gastos milionários com a indústria de mentiras não são declarados por sua campanha.
Os métodos criminosos do deputado Jair Bolsonaro são intoleráveis na democracia. As instituições brasileiras têm a obrigação de agir em defesa da lisura do processo eleitoral. As redes sociais não podem assistir passivamente sua utilização para difundir mentiras e ofensas, tornando-se cúmplices da manipulação de milhões de usuários.
O PT levará essas graves denúncias a todas as instâncias no Brasil e no mundo. Mais do que o resultado das eleições, o que está em jogo é a sobrevivência do processo democrático.
Comissão Executiva Nacional do PT”