Conhecido por invadir o Telegram de procuradores da Operação Lava Jato em 2019, o hacker Walter Delgatti tentou invadir o aparelho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. A informação foi divulgada pelos repórteres Amanda Audi, Gustavo Ribeiro, Euan Marshall e Ana Ferraz, do site The Brazilian Report.
Delgatti confirmou ao jornal digital que tentou contratar alguém para clonar o chip de celular utilizado por Moraes para ter acesso a aplicativos de mensagem e e-mails. O objetivo seria encontrar informações comprometedoras sobre o ministro que pudessem levar à sua suspeição e afastá-lo do comando do TSE.
O hacker está proibido de utilizar a internet pela Justiça. Apesar disso, Delgatti afirmou ser contratado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para administrar as redes sociais e o site da parlamentar, recebendo R$ 6 mil por mês. “Eu trabalho ainda com ela [Zambelli]. Eu cuido do site dela, das redes sociais que estão banidas no Brasil, de tudo. Eu tenho contrato de trabalho com ela”, afirmou o hacker, que diz ter aberto uma empresa para prestar serviços à deputada.
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Ao jornal, Zambelli afirmou que Delgatti nunca trabalhou para ela. A parlamentar mudou de versão após ser informada sobre o suposto contrato e respondeu: “Eu não tenho qualquer relação com Walter no que tange grampear o Moraes”.
Delgatti também se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em agosto do ano passado, em uma reunião intermediada por Zambelli. Na ocasião, a deputada afirmou que a conversa seria sobre encontrar fragilidades nas urnas eletrônicas.
Na semana passada, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) acusou Bolsonaro de tentar coagi-lo a dar um golpe de Estado. O senador alega que foi procurado para gravar alguma conversa que comprometesse Moraes. Após a denúncia, o parlamentar afirmou que iria deixar o mandato, mas voltou atrás. Após Do Val mudar de versão, o ministro do STF determinou a abertura de inquérito contra o senador por suspeita de falso testemunho.
Após os atos golpistas do dia 8 de janeiro, a Polícia Federal encontrou uma minuta golpista na casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. O documento previa a investigação de casos de abuso de poder, suspeição de medidas ilegais da presidência do TSE antes, durante e depois do processo eleitoral.