O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), pediu, em transmissão ao vivo da CBN, a demissão do comentarista da rádio Sérgio Abranches. Castro se irritou com as críticas feitas pelo cientista político, sociólogo e escritor à sua atuação no socorro às vítimas de Petrópolis (RJ), onde 129 pessoas, segundo balanço divulgado esta tarde, perderam a vida em decorrência das chuvas e outras 218 estão desaparecidas. “Deveria ser expulso”, disse o governador ao se referir ao comentarista.
Abranches chamou o governo de Castro de “governinho”. “Não é um governinho, é um governão”, rebateu o político. “Tá todo mundo aqui trabalhando duramente, diferente até do que falou esse Sergio Abranches de manhã, que ninguém fez nada, usou os microfones da CBN para fazer palanque político”, atacou. “Colocar Marielle nesse negócio? É uma vergonha isso. Essa pessoa deveria ser expulsa dos microfones da CBN. Mas enfim, opinião cada um tem a sua”, emendou.
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O âncora do programa, Carlos Andreazza, saiu em defesa de Abranches e ressaltou que não cabe ao governador pedir a demissão de um colaborador da rádio. “Eu quero registrar que o Sergio Abranches é um grande cientista político e eu acho que o senhor, no calor da crítica, ao defender o seu governo, talvez tenha se excedido, me permita dizer isso, ao pedir em público, com o microfone aberto, a cabeça de um colaborador da CBN. Acho que isso não é papel do governador do estado”.
Cláudio Castro não recuou. “Andreazza, não é papel de alguém misturar placa quebrada de Marielle com catástrofe na Serra”, insistiu o governador.
O cientista político compartilhou em suas redes sociais um vídeo do site Metrópoles, que mostra a entrevista de Castro editada. “No caso, o comentarista era eu”, escreveu Abranches. Em comentário veiculado na quinta-feira, o analista criticou duramente a atuação do governador e do presidente Jair Bolsonaro na tragédia.
No caso, o comentarista era eu, defendido em tempo real por @andreazzaeditor https://t.co/1x8DPaY3SZ
Publicidade— Sergio Abranches (@abranches) February 18, 2022
“O governador do Rio foi a Petrópolis fazer um teatro, mas não está evidentemente fazendo nada”, afirmou. Ele também lembrou que Castro não foi eleito. Era vice do governador cassado Wilson Witzel (PSC), que se elegeu “pendurado na placa rasgada da Marielle”.
Um dos cientistas políticos mais reconhecidos no país, Sérgio Abranches é o criador da expressão “presidencialismo de coalizão”, termo usado por ele em um artigo publicado na Folha de S.Paulo há 25 anos, no qual fala do modelo político no Brasil que resulta no “toma lá, dá cá” entre Executivo e Legislativo. Saiba mais sobre a expressão na seção Wiki do Congresso em Foco.
Ouça o comentário de Abranches que enfureceu Cláudio Castro:
.@abranches analisa a postura do presidente Jair Bolsonaro e do governador do Rio, Cláudio Castro, diante da tragédia que atingiu a cidade de Petrópolis. #NoArNaCBN https://t.co/FuOXBjqLdH
— Rádio CBN (@CBNoficial) February 18, 2022