O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), foi afastado do cargo nesta terça-feira (11) após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O governador, que é candidato à reeleição no segundo turno, é alvo de uma operação do Ministério Público Federal (MPF) que investiga suspeita de desvio de recursos por meio da contratação de funcionários fantasmas durante a sua gestão.
Dantas é aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do ex-presidente Lula (PT), atuando como palanque em Alagoas para o petista no segundo turno. Já Rodrigo Cunha é apoiado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Cunha se manteve neutro sobre o segundo turno presidencial, afirmando não apoiar Lula e nem o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Operação Edema cumpriu 31 mandados de busca e apreensão em imóveis vinculados aos investigados. Segundo o MPF, os desvios de recursos públicos somam mais de R$ 54 milhões. A investigação aponta a ocorrência dos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. De acordo com o MPF, “a necessidade e a urgência das medidas cautelares cumpridas na manhã de hoje foram amplamente demonstradas nos autos da investigação policial”.
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Os dados das investigações são mantidos em sigilo. Fontes ouvidas pelo Congresso em Foco afirmam que as apurações não estão relacionadas ao seu mandato parlamentar, ao contrário do informado inicialmente, mas a fatos que, segundo a acusação, ocorreram seu mandato como governador. O pedido da operação foi feito pela Polícia Federal em agosto e corroborado pela Procuradoria-Geral da República em setembro, antes do primeiro turno da eleição. Mas a autorização do STJ, por meio da ministra Laurita Vaz, só foi concedida agora.
Paulo Dantas foi eleito governador do estado em maio para um mandato tampão, após o governador Renan Filho (MDB) deixar o cargo para disputar uma vaga para o Senado. Dantas ficará afastado do cargo por 180 dias.
Renan Filho foi eleito no último dia 2 de outubro, enquanto Dantas avançou para o segundo turno com 46,64% dos votos, contra 26,79% de Rodrigo Cunha (União). O pai de Paulo Dantas, o ex-deputado Luiz Dantas, chegou a gravar uma inserção para a propaganda eleitoral de Cunha contra o próprio filho, afirmando que o filho liderava um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do estado.
Com o afastamento de Dantas, assume o governo o seu vice, José Wanderley Neto (MDB). A Justiça ainda determinou que o governador e os demais investigados, que não tiveram os nomes divulgados, não mantenham contato entre si e não frequentem os órgãos públicos citados na apuração.