Principal cabo eleitoral de Capitão Wagner (Pros) na corrida pela prefeitura de Fortaleza, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) doou R$ 1.240.000 para o candidato ao longo do primeiro turno, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A doação representa quase 40% do total recebido pelo candidato.
Deputado federal em primeiro mandato, Capitão Wagner é também apoiado por Jair Bolsonaro e um dos dois nomes do presidente que conseguiu chegar ao segundo turno. Apesar disso, ele nunca usou o presidente nas propagandas eleitorais. Na campanha, preferiu ressaltar a proximidade com o governo federal e demonstrar que isso seria vantajoso para a capital cearense, mas evitava citar o nome de Bolsonaro.
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No segundo turno do Executivo de Fortaleza, o deputado do Pros disputa contra José Sarto (PDT), presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, e afilhado político da família Ferreira Gomes.
Capitão Wagner começou a carreira política em 2012 após se notabilizar por ser um dos porta-vozes de uma greve de policiais militares no Ceará. Hoje ele é o principal nome de oposição ao grupo político de Ciro e Cid Gomes em Fortaleza. Foi o vereador e o deputado estadual mais votado da história do Ceará. Em 2016, ele concorreu à prefeitura, mas perdeu no segundo turno para Roberto Claúdio (PDT).
Outros apoios
Além do apoio ao Capitão, Girão também fez doações para outros 18 candidatos, totalizando R$ 1.728.174,00. O senador ocupa a quinta posição do ranking de doadores no pleito municipal deste ano, de acordo com o TSE.
PublicidadeA maior parte das doações foi feita para candidatos a prefeito e vereador de cidades do Ceará, mas não se limitaram a seu estado. Girão também financiou aspirantes a vereador em São Paulo (SP), Curitiba (PR), Teresina (PI) e Três Rios (RJ). Os candidatos pertencem a partidos vinculados à direita e centro-direita: Pros, Patriota, Podemos, PSL, Novo, Avante, PTB e PSDB.
Dos candidatos que receberam recursos de Girão, cinco foram eleitos vereadores e sete ficaram com a suplência na Câmara Municipal em que concorreram, o que significa que podem assumir o mandato em caso de afastamento do titular. Outros três candidatos a prefeito e três postulantes a vereador não tiveram sucesso no pleito.
Em nota, o senador justifica as doações “por acreditar que a política é um dos principais caminhos para uma transformação social que traga justiça, paz e progresso”. “Estou seguindo fielmente o que determina a legislação que permite que uma pessoa física doe até 10% da renda bruta anual declarada à Receita Federal.”
Ele explicou que escolheu doar a candidatos cujas bandeiras convergem com as dele, como a defesa da vida desde a concepção, contra a liberação das drogas e dos jogos de azar e a favor da prisão após condenação em segunda instância. “Se posso, me sinto na obrigação de incentivar postulantes que, além da capacidade de gestão, tenham princípios e valores alinhados com a minha visão de mundo, incluindo aí a disposição em enfrentar a grande chaga de nossa nação que é a corrupção.”
Girão tem 48 anos, é empresário e foi presidente do time de futebol Fortaleza, também é dono de produtoras de filmes espíritas e atuante no movimento nacional Pró-vida, contra o aborto. Em 2018, contrariando as pesquisas eleitorais, que davam a vitória de Eunício Oliveira (MDB), Eduardo Girão foi eleito senador com 1,32 milhão de votos, primeiro cargo eletivo que exerce.
No pleito de 2018, Girão recebeu R$ 3.400.340 de receitas em sua campanha. Desse total, a maior parte – R$ 2.720.000 – veio do autofinanciamento. Na época, Girão declarou à Justiça Eleitoral mais de R$ 36 milhões em bens, entre imóveis, veículos, aplicações financeiras e contas no exterior.
Eleito pelo Pros, ele se filiou ao Podemos pouco depois de tomar posse, em fevereiro de 2019, em um movimento de busca por mais protagonismo em uma bancada com maior expressão no Senado. É integrante do grupo Muda Senado, Muda Brasil, grupo informal de cerca de 20 senadores que levanta bandeiras de combate à corrupção e de defesa da Operação Lava Jato.