Cerca de 23,5% da população brasileira encerrou o ano de 2020 em situação de insegurança alimentar moderada ou grave, conforme aponta o último levantamento realizado pela Organização das Nações Unidas. A porcentagem representa mais de 46 milhões de habitantes, e a fome tende ainda a piorar: um levantamento do jornal Estado de S. Paulo via Lei de Acesso à Informação mostra que 5,4 milhões de pessoas podem ter o acesso ao benefício Bolsa Família prejudicado após a substituição pelo Auxílio Brasil.
A pesquisa da ONU revela que o crescimento da fome se tornou um problema mundial em decorrência da pandemia: 811 milhões de pessoas se encontram em insegurança alimentar no mundo, 160 milhões destas tendo adentrado o mapa da fome em 2020. No Brasil, por outro lado, a fome já avançava antes: o período de 2018 a 2020 teve 12 milhões de pessoas a mais em insegurança alimentar em comparação ao período 2014-2016.
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Atualmente, a principal proposta do Governo Federal para conter o avanço da fome é a implementação do Auxílio Brasil, programa de distribuição de renda alimentar que promete oferecer um valor maior do que seu sucessor, o Bolsa Família. Apesar da proposta atrativa, o levantamento do Estado de S. Paulo revela que 37% dos 14,37 milhões de beneficiários podem não receber o aumento ou ainda sofrer cortes no valor.
O programa conta com um orçamento previsto de R$35 milhões, valor que pode não ser suficiente para garantir o aumento prometido por Jair Bolsonaro a todos os beneficiários. Além disso, o Auxilio Brasil diminui o número de beneficiários por família de sete para cinco cadastrados, limitando o valor distribuído para famílias maiores.
Por parte do Programa Mundial de Alimentos da ONU, há um projeto para tentar conter o avanço da fome no Brasil e no mundo: o Nutrir o Futuro. A organização procura incrementar o diálogo entre países para que consigam trabalhar juntos em medidas locais de reforço à segurança alimentar para suas populações.
Mesmo soluções internacionais vão exigir esforço para que se consiga reverter o quadro de fome. “Em apenas um ano, o número de pessoas afetadas pela fome crônica aumentou mais do que nos cinco anos anteriores combinados. Reverter esses altos níveis de fome crônica levará anos, senão décadas”, declarou o economista-chefe do Programa Mundial de Alimentos, Arif Husain.
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