A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que reúne 116 instituições financeiras, decidiu nesta quarta-feira (27) assinar o manifesto “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, liderado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A posição da entidade representa um revés para o presidente Jair Bolsonaro, que, mesmo não tendo o nome citado, será o principal alvo da carta, que deve refutar os ataques dele ao sistema eleitoral e suas ameaças à democracia. A decisão foi tomada nessa manhã pela maioria dos membros das instâncias de governança interna da Febraban.
Entre os bancos que integram a federação estão o Itaú Unibanco, o Bradesco, o Santander, o Safra, o BTG Pactual, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. O documento é articulado pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes, filho de José Alencar, ex-vice-presidente de Lula, e pelo grupo chamado Comitê de Defesa da Democracia. Entre os integrantes do comitê estão o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, a cientista política Maria Hermínia Tavares e a socióloga Neca Setubal, acionista do Itaú.
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Segundo o jornal O Globo, o texto deve mencionar que quaisquer ataques às instituições e ao Estado de Direito não têm respaldo das grandes empresas brasileiras. Mesmo sem citar Bolsonaro, o manifesto é uma crítica à retórica que o presidente tem adotado para colocar em dúvida a segurança do sistema eleitoral do país. O conteúdo ainda está sendo elaborado. Ontem, em uma série de tuítes, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, contestou as críticas dos bancos ao governo.
Empresários e banqueiros também têm dado apoio a outro manifesto, organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e outras entidades. A chamada Carta aos Brasileiros condena os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e defende o estado democrático de Direito. O manifesto em defesa da democracia, que será lançado no próximo dia 11, reúne personalidades dos mais diversos campos políticos e ideológicos.
Do ex-ministro José Eduardo Cardozo, advogado da ex-presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment ao coautor do pedido de afastamento da petista, ao jurista Miguel Reale Junior. De economistas ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como Armínio Fraga, Pedro Malan, Edmar Bacha e Elena Landau, a ex-ministros de governos petistas, como Tarso Genro e Renato Janine Ribeiro. Entre os signatários está a professora Vanessa Canado, ex-assessora especial do ministro da Economia, Paulo Guedes.
A lista, que reúne mais de 70 mil adesões, está aberta a novas assinaturas na internet. Também tem a adesão de importantes nomes do PIB brasileiro, como Roberto Setúbal, Pedro Moreira Salles e Cândido Bracher, do Itaú Unibanco, Pedro Passos e Guilherme Leal, da Natura, Walter Schalka, da Suzano, Eduardo Vassimon (Votorantim), Horácio Lafer Piva (Klabin).
PublicidadeVeja a Carta aos Brasileiros, elaborada pela Faculdade de Direito da USP
Veja aqui a lista parcial dos signatários