O ex-presidente Lula (PT) está a um ponto percentual de alcançar a vitória no primeiro turno, segundo pesquisa do Instituto Opinião encomendada pelo Congresso em Foco. De acordo com a pesquisa, realizada entre domingo (18) e terça-feira (20) com eleitores de todo o país, Lula tem 49% dos votos válidos. Para ser eleito em primeiro turno, qualquer candidato precisa alcançar 50% dos votos válidos (ou seja, excluídos os brancos e nulos) mais um.
Os novos números aumentam a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, que aparece na segunda colocação. Na pesquisa estimulada, aquela em que são os apresentados os nomes dos presidenciáveis, Lula lidera com 45% das intenções de voto. Bolsonaro está 12 pontos percentuais atrás, com 33%. Ciro Gomes (PDT) tem 7%, Simone Tebet (MDB), 5% e Soraya Thronicke (União) e Felipe D’Ávila (Novo), 1% cada. Os demais candidatos não pontuaram. Outros 3% declararam que votarão em branco ou nulo e 5% não responderam.
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Eleitores de Ciro e Simone admitem mudar
O levantamento também mostra que é grande o índice de apoiadores de Ciro e Tebet que podem votar em outro candidato: 35% dos eleitores declarados do pedetista e 30% dos eleitores declarados da emedebista admitem mudar de voto. Para efeito de comparação, apenas 8% dos apoiadores de Bolsonaro e 11% de Lula afirmaram que podem mudar de voto. No geral, 83% dos entrevistados afirmam que não vão mudar de voto. Só 8% reconhecem essa possibilidade.
A pesquisa do Instituto Opinião também aponta para cenário de vitória de Lula em um eventual segundo turno contra Bolsonaro: 51% a 37%. Na pesquisa espontânea, aquela em que não são mostrados os nomes dos candidatos, o ex-presidente também leva vantagem sobre o atual no primeiro turno (40% a 30%).
A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e o índice de confiança da pesquisa é de 95%. A pesquisa, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-09430/2022, ouviu 2 mil pessoas por telefone com entrevistadores humanos, por meio de sorteios aleatórios na base de dados. Foram levados em conta critérios de divisão geográfica, escolaridade, faixa etária e classificação socioeconômica.
PublicidadePara o diretor do Instituto Opinião, Arilton Freres, a pesquisa confirma o quadro de estabilidade detectado por outros levantamentos. “Estamos no limite entre haver definição no primeiro turno ou não”, observa o sociólogo, que tem mais de 20 anos de experiência com pesquisas.
Segundo ele, a tendência é que a campanha de Lula intensifique a busca pelo chamado “voto útil” entre aqueles eleitores que preferem ver a eleição decidida já no próximo dia 2.
“Pode haver algum tipo de crescimento de Bolsonaro na reta final, mas o mais natural é que haja pressão muito grande pelo voto útil entre os eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet para Lula conseguir os poucos pontos que precisa para fechar a fatura no primeiro turno”, explica Arilton. Diversos artistas gravaram um videoclipe com a música “Vira voto” para tentar convencer eleitores de outros candidatos a apoiarem Lula. Na gravação, o gesto de arma caracterizado por Bolsonaro vira um “L” em alusão ao nome do petista.
Cansaço pode ser fator decisivo
De acordo com Arilton, o cansaço do eleitor com a disputa eleitoral pode ser fator decisivo na conquista do chamado voto útil. “O eleitor médio está cansado. Na prática, estamos vivendo campanha presidencial desde 218. Bolsonaro nunca saiu do palanque. A campanha está em pauta o tempo todo. Com isso, há cada vez menos eleitores indecisos e cada vez mais votos definidos. Isso pode estimular o voto útil”, considera o sociólogo.
Na avaliação do diretor do Instituto Opinião, o maior índice de rejeição de Bolsonaro em relação aos demais candidatos, captado por quase todas as pesquisas, complica a situação do presidente. “O Brasil sempre teve um voto de centro. Parte desse eleitorado está decepcionado com Bolsonaro e vê em Ciro um candidato da centro-esquerda e não conhece muito bem a Simone Tebet. Por isso, acaba votando em Lula por outras razões, como a econômica”, diz. “As pessoas vão ao mercado hoje e não veem a melhora anunciada pelo presidente. A economia é determinante para qualquer eleição. Ela tem levado, entre outros fatores, o eleitor de centro, mesmo a contragosto, a votar em Lula contra Bolsonaro”, acrescenta.
Segundo o pesquisador, apenas o surgimento de um fato novo e de grande impacto poderá mudar o quadro eleitoral. “A rejeição das mulheres a Bolsonaro sempre foi muito grande devido ao que ele fala e a como se comporta em relação a elas. Bolsonaro tem muita dificuldade em dialogar com as eleitoras. Não convence, a carga negativa dele com elas é muito grande”, afirma. Sediado em Curitiba, o Instituto Opinião tem 14 anos de existência.