O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) anunciou, nesta quarta-feira (24), que votará no petista Fernando Haddad para presidente. Apesar de fazer duras críticas ao PT, partido que chama de “sabotador”, Goldman diz que não está disposto a “pagar para ver” eventuais recessos na democracia brasileira em um governo de Jair Bolsonaro (PSL). O comunicado foi feito por vídeo.
“Vou contra a minha vontade, contra o que eu pensava, contra os meus princípios e esses anos todos de luta contra o PT, vou acabar votando em Haddad. E vou ter, no final da votação, pedir desculpas, pedir principalmente a Deus que me perdoe”, afirmou.
Veja o vídeo:
Goldman contou que estava disposto a anular seu voto até o último domingo. Mas, segundo ele, um discurso feito por Bolsonaro, transmitido em vídeo conferência para apoiadores na Avenida Paulista, o fez mudar de posição e optar por Haddad.
“Nunca passou pela minha cabeça votar neles (do PT). Mas sinto dificuldade porque, do outro lado, tem essa direita raivosa. Estava até domingo passado com disposição de não votar em ninguém. Mas o discurso no domingo feito por videoconferência pelo candidato Bolsonaro foi de uma forma absurda e inaceitável, dizendo que aquelas pessoas que fossem ser suas adversárias poderiam e deveriam ser banidas. Seriam presos, apodreceriam na prisão. Numa linguagem absurda, que não corresponde à lei brasileira, à Constituição e à democracia brasileira, não corresponde a nada. Cheguei à conclusão de que não estou disposto a pagar pra ver”, disse.
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Ainda no vídeo, o ex-governador fez duras críticas ao PT, disse que o partido nunca pensou no desenvolvimento do país e que sempre votou contra as reformas. E, ainda, responsabilizou a legenda por “criar” Bolsonaro. “Eles me causaram sentimento de frustração brutal. Nunca pensei que um dia poderia votar neles. Nunca quis votar neles, mas agora estamos em uma situação diferente. Me sinto numa situação difícil, porque aparece uma candidatura que eles criaram. Bolsonaro é produto do PT. Essa direita que saiu do armário de forma violenta, uma direita que baba, que quer causar mal às pessoas, que saiu do armário por honra e glória do PT”, declarou.
Ex-deputado, ex-ministro e ex-presidente do PSDB, Goldman governou São Paulo entre 2 de abril e 31 de dezembro de 2010, ao assumir a gestão no lugar de José Serra (PSDB), que se candidatou naquele ano à Presidência da República. Nas últimas semanas Goldman declarou voto em Márcio França (PSB) na disputa ao governo de São Paulo contra o tucano João Doria (PSDB), de quem é desafeto desde que o empresário era prefeito da capital paulista. No último dia 9, a Executiva do PSDB paulistano chegou a expulsar sumariamente Goldman do partido. Mas a decisão foi considerada inválida pelo comando nacional da legenda, que alegou que nenhum diretório municipal tem essa prerrogativa.