Ao menos 58 militares das Forças Armadas confirmaram suas pré-candidaturas para cargos políticos nas eleições de 2022 até esta quarta-feira (13). Destes, 15 buscam a reeleição ou a mudança de cargo; dois são ex-ministros competindo para o legislativo (generais Santos Cruz e Eduardo Pazuello), o próprio presidente Jair Bolsonaro concorrendo à reeleição e os demais embarcam pela primeira vez na política.
Segundo o deputado General Peternelli (União-SP), esse número ainda pode mudar até o início das campanhas, conforme as discussões internas de cada legenda. A expectativa dele e dos demais parlamentares oriundos das forças armadas é que até agosto o número de candidatos esteja pouco abaixo dos 105 que concorreram em 2018. Os novos nomes, porém, deverão ter vantagem competitiva em 2022.
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Peternelli avalia que o desempenho dos parlamentares militares ao longo da atual legislatura será um fator de peso na campanha, uma vez que conseguiram manter uma participação ativa no parlamento no trato das pautas de seus eleitores. “Temos mostrado para o país uma política de Estado, uma política adequada para as atividades que nós temos”, declarou. O deputado aponta para entregas como a aprovação da reforma no controle do espaço aéreo e a aprovação do acordo entre Brasil e Estados Unidos para o uso do centro espacial de Alcântara.
O deputado também considera que o perfil dos candidatos militares no exercício de cargos políticos também é um fator de impulsionamento de suas campanhas. “Militares tendem a um pensamento legalista, e são justamente os aspectos desse legalismo que movem essas candidaturas”, apontou. Segundo o cientista político André Pereira César, existe um outro fator de peso que atrai o eleitorado para estes candidatos.
“Muitas vezes os eleitores são pessoas com algum grau de parentesco, amizade ou origem afetiva com as forças armadas. Mas os militares também contam com eleitores de perfil conservador com foco na pauta dos costumes e da segurança pública. Já os parlamentares, são em geral oficiais de alta patente que pautam seus discursos justamente na questão da segurança”, explica o especialista.
Essa identificação com a pauta conservadora é inclusive, conforme explica Peternelli, o motivo da preferência de militares das forças armadas por partidos identificados como de direita: PL, Republicanos e PTB somam mais da metade das candidaturas. “É um contexto natural de interpretação e de pensar em termos de país, de políticas públicas, de como pensar a propriedade privada. São atributos que fazem com que se tenha uma parcela expressiva participando desses partidos”, afirmou.
PublicidadeEfeito Bolsonaro
O parlamentar acrescenta que, apesar de não haver unanimidade, a maioria dos candidatos militares apoiam a campanha de Jair Bolsonaro. Esse apoio, ao seu ver, não necessariamente implica em vantagem eleitoral. “O presidente, por ser militar, facilita [as campanhas]. Mas o favorecimento é relativo: não deixa de ser uma hipótese, mas varia conforme o partido.”
André César considera que nas eleições proporcionais (deputados federais, distritais e estaduais), a identidade dos candidatos com as pautas do eleitorado de seus respectivos partidos é o fator de maior peso nas eleições, o que não necessariamente implica em favorecimento da campanha de Jair Bolsonaro. Nas majoritárias, por outro lado, o alinhamento com o presidente pode ser um fator de peso na busca pelo eleitorado.