“Não há nenhum setor produtivo brasileiro, hoje, que não discuta o tema da economia verde. O setor despertou para a bioeconomia.” A afirmação foi feita pela Coordenadora de Relações Governamentais da Natura, Ana Túlia de Macedo na edição do Congresso em Foco Talk desta quinta-feira, em parceria com o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) que debateu o tema. Participaram também do bate-papo Jaime Prado, da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) e Rodrigo Góes, do Instituto Semeia.
Entende-se por bioeconomia um modelo de produção que tem por base o uso de recursos biológicos em lugar dos fósseis e não renováveis. Considerado megabiodiverso, ao reunir mais de 70% das espécies vegetais e animais do planeta, o Brasil tem um potencial invejável para atividades com viés bioeconômico.
“Esse é um tema muito importante para o mundo. Estamos falando aqui de endereçar questões à comunidade como um todo. A bioeconomia é um conceito que ainda está em construção e mais importante do que a gente tentar delimitar esse conceito talvez seja a gente não perder o porquê desse conceito ter ganhado essa centralidade. A primeira coisa que a gente não deve deixar de se lembrar é que a gente está falando de uma discussão que começa quando a sociedade e os atores econômicos percebem que o modelo de economia que a gente adotou até hoje é um modelo que gerou uma série de distorções, uma série de problemas que falando de desmatamento, de perda intensiva de diversidade, de insegurança alimentar, de desigualdade social e numa pandemia isso só foi agravado”, explicou a executiva da Natura.
Leia também
De acordo com Ana Túlia, a bioeconomia vem justamente para tentar endereçar essas questões e enfatizar que a bioeconomia não deve gerar incentivos que criem ainda mais distorções.
“A Natura fez essa opção [pela bioeconomia] há muito tempo atrás que é norteadora ainda hoje das decisões da empresa. E continua porque a gente entendeu e reconheceu que existem resultadso muito positivos, tanto corporativos quanto para a sociedade também. Se mais e mais setores produtivos se envolverem a tendência é que a gente avance com mais velocidade para uma transição econômica que consiga estancar essas preocupações em relação à crise climática, meio ambiente e desigualdade”, ponderou Ana Túlia.
O turismo também faz parte desse cenário bioeconômico e por todo o seu potencial natural e o cultural o Brasil poderia ocupar um lugar de destaque no setor segundo Jaime Prado, da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta).
“O turismo de natureza é o turismo que utiliza de forma sustentável o nosso patrimônio natural e cultural. O Brasil está sempre entre o primeiro e o segundo país de recursos naturais e sexto no quesito de recurso cultural. Mas infelizmente nós ocupamos a 32ª colocação no ranking geral. Para nós, o turismo de natureza faz parte da economia verde” afirmou Jaime durante o debate.
Apesar dos dados defasados, Prado aponta para o potencial econômico do turismo de natureza na cadeia de serviços da bioeconomia, que pode ser desenvolvido tanto em áreas privadas quanto públicas.
“Nós temos aí nossos parques estaduais e federais que em 2019 receberam 13 milhões de visitantes. Isso gera renda e emprego tanto para o parque quanto o seu entorno. Infelizmente, porém, nós temos poucos dados sobre o turismo de natureza no Brasil. Temos números estimados de R$ 44 bilhões de receita e uma geração de um milhão de empregos”, revelou o diretor de relações institucionais da Abeta.
Rodrigo Góis, do Instituto Semeia, reforça o coro sobre a importância da bioeconomia na geração de emprego e renda através da cadeia produtiva.
“A gente está falando de uma movimentação econômica que envolve toda uma cadeia produtiva, – se a gente pegar o turismo de natureza a gente vai ter a pousada local , o restaurante local, os guias, passeios – que é movimentada por várias atividades. Isso ressalta uma das principais invenções da humanidade, para fins de preservação a natureza, que são as unidade de conservação. A gente tem aí uma oportunidade muito interessante e rica de se olhar para nossa natureza e pensar numa forma de promover esse desenvolvimento sustentável. Isso gera um ciclo virtuoso. No momento que vc aumenta a visitação aos nossos parques, nossas áreas protegidas, você também promove a geração de renda”, argumentou Góis
Confira a íntegra do Congresso em Foco Talk aqui: