Faz dez meses que o produtor audiovisual Juliano Ambrosini, 43 anos, mudou-se para São Jerônimo, no Rio Grande do Sul. Fundador de uma produtora de vídeos, Juliano diz ao Congresso em Foco que se instalou na cidade tendo em vista a proximidade dela com a capital Porto Alegre. Ao mesmo tempo, segundo Juliano, São Jerônimo tem “características de interior” – com uma grande área rural. A cidade soma 21 mil habitantes, segundo a rodada mais recente do Censo.
Nos últimos dias, os moradores de São Jerônimo viram as conexões da cidade por terra irem sendo bloqueadas, uma a uma: a BR 290, que liga o município a outras cidades, foi interrompida no início das chuvas. Depois foi a vez da RS 401, que sofreu um rompimento por conta das enchentes, bloqueando o caminho mais curto da cidade até Porto Alegre. A água, em seguida, subiu e cobriu a ligação com General Câmara, outro município da região que fica a 12 km de São Jerônimo. Isso cortou todos os caminhos por terra para que a cidade seja abastecida.
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O município é um dos que tentam se reerguer ao ser atingido pelas chuvas que vêm mobilizando o país no esforço de ajuda. Em São Jerônimo, o momento é de buscar socorro e tentar se reerguer. Para buscar visibilidade, Juliano vem registrando os danos e entrevistando os habitantes da cidade. São Jerônimo precisa de doações de itens de necessidade básica, como colchões, produtos de limpeza e de higiene pessoal. O isolamento da cidade atrapalha. A chuva bloqueou as saídas por terra, então os mantimentos vêm chegando apenas por helicóptero e por barcos.
Assista abaixo aos depoimentos de dois moradores do município – Carla Soares e Alex Flores Corrêa -, captados por Juliano (imagem) e Pedro Ambrosini (captação de som).
São Jerônimo está a 70 km de Porto Alegre. A cidade fica próxima da região metropolitana da capital, mas tem grande parte dos seus habitantes em área rural. A economia do município é em grande parte sustentada no comércio e na indústria. A proximidade da cidade com os rios Jacuí e Taquari é uma das suas atrações – a praia do Encontro, próxima de onde as águas se juntam, é o destaque.
A população é familiarizada com as enchentes da região, que costumam acontecer em todos os anos, mas foi pega de surpresa pela escala das chuvas em 2024. A água chegou mesmo em pontos mais altos da cidade, que não eram atingidos antes, alcançando os telhados das casas.
A correnteza arrastou casas ribeirinhas, mais próximas da margem. Mas Juliano também descreve outro lado do efeito das enchentes, uma “violência silenciosa”, “da água que foi subindo e retirando as pessoas”. Embora a tragédia tenha registrado apenas um óbito em São Jerônimo, a alta no nível da água corroeu a infraestrutura da cidade, como em outros municípios afetados pela tragédia. Hoje, São Jerônimo enfrenta a falta de água potável e de combustível. Não há gás, e a conexão via internet é instável.
Com isso, o medo é do isolamento. “Eu assumi isso aqui de ajudar nesse ponto de comunicação, porque a gente está sozinho”, explica Juliano. Para além da precariedade nas linhas de comunicação e das estradas danificadas, a população teme que o município acabe recebendo pouca atenção por conta das operações em cidades maiores, que reúnem um número mais alto de pessoas desabrigadas.
As imagens de São Jerônimo podem ser vistas nos canais em redes sociais. Acesse nos links abaixo:
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