Dos 13 prefeitos candidatos à reeleição nas capitais, 11 lideram as primeiras rodadas das pesquisas Ibope realizadas em outubro. Com 59% das intenções de voto, o atual prefeito de Belo Horizonte (MG), Alexandre Kalil (PSD), seria eleito ainda em primeiro turno se as eleições fossem hoje.
A distância de Kalil para o segundo colocado, João Vitor Xavier (Cidadania), é de mais de 50 pontos percentuais – o segundo colocado tem apenas 7% das intenções de voto. A última coleta de dados aplicada pelo Ibope na capital mineira ocorreu entre 13 e 15 de outubro, a pedido da TV Globo.
Outros candidatos à reeleição também lideram as pesquisas por ampla margem. É o caso do prefeito de Curitiba (PR), Rafael Greca (DEM), que tem 46% das intenções de voto para um segundo mandato; do prefeito de Florianópolis (SC), Gean (DEM), que possui 44% das intenções de voto; e também do prefeito de Campo Grande (MS), Marquinhos Trad (PSD), que está isolado na liderança com 41%.
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A atual prefeita de Palmas (TO), Cinthia Ribeiro (PSDB), tem 36% das intenções de voto. Eleita vice-prefeita em 2016, ela assumiu a prefeitura da capital tocantinense em abril de 2018, quando Carlos Amastha renunciou ao cargo para disputar o governo do estado, sem sucesso. Também estão em situação confortável o prefeito de Natal, Alvaro Dias (PSDB), com 33% das intenções, e de Aracaju, Edvaldo (PDT), com 34%.
Em São Paulo, onde a disputa está acirrada, o atual prefeito Bruno Covas (PSDB) está em empate técnico com o deputado Celso Russomanno (Republicanos), considerando a margem de erro da pesquisa de três pontos percentuais. Russomanno está numericamente à frente na disputa, com 25% das menções (podendo variar de 28% a 22%), enquanto Covas tem 22% das citações (variando de 25% a 19%). Em comparação com levantamento anterior, a última pesquisa Ibope mostra tendência de queda de Russomanno, enquanto o atual prefeito oscilou para cima.
Já em pesquisa Datafolha divulgada no último dia 22 Covas aparece à frente, com 23% das intenções, ante os 20% alcançados por Russomanno.
No Norte do país, o prefeito de Porto Velho (RO), Hildo Chaves (PSDB), lidera com 23% das intenções de voto, enquanto o segundo colocado, Vinicius Miguel (Cidadania), tem 12%. Por sua vez, a prefeita de Rio Branco (AC), Socorro Neri (PSB), tem encostado no líder da pesquisa, Minoru Kinpara (PSDB). Ela possui 26% das menções e ele 29%, empatados tecnicamente, visto que a margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais.
A corrida para a prefeitura de Cuiabá (MT) também está apertada. Apesar de apontar para uma vantagem numérica de Abilio (Podemos), que tem 26% das intenções de voto, há um empate técnico com o atual prefeito e candidato à reeleição pelo MDB, Emanuel Pinheiro, que tem 20% das menções e com Roberto França, do Patriota, que tem 19%, considerando a margem de erro da pesquisa que é de quatro pontos percentuais.
Prefeitos mal colocados
O panorama das pesquisas mostra apenas dois prefeitos candidatos à reeleição distantes da liderança: Nelson Marchezan Jr. (PSDB), em Porto Alegre (RS), e Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro.
Com menos chance para se reeleger, Marchezan tem 9% das intenções de voto em Porto Alegre, amargando uma quarta posição, segundo levantamento feito no início do mês. Na capital gaúcha, a candidata Manuela D’Ávila (PCdoB), de espectro ideológico oposto à atual gestão, lidera a disputa com 24% das intenções de voto.
Também mal colocado, o prefeito do Rio de Janeiro, Crivella ocupa o segundo lugar da pesquisa Ibope realizada entre os dias 13 e 15 de outubro, mas a distância para o primeiro colocado – o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) – é de 18 pontos percentuais. Crivella ainda tenta contar com o apoio do presidente Jair Bolsonaro para galvanizar votos e chegar ao segundo turno.
Eleição de continuidade
Mesmo com o pleito municipal adiado de outubro para novembro, a situação da pandemia no país impede aglomerações e a realização de eventos com grandes concentrações típicos do período eleitoral. Os obstáculos sanitários acabam por favorecer os candidatos mais conhecidos do eleitorado, que têm o chamado recall da população. Os postulantes mais lembrados pelo eleitorado tendem a ter melhores colocações.
Além disso, desde que a pandemia se instalou, em março, os chefes dos Executivos locais têm tido grande exposição na mídia. A situação dos demais candidatos é diferente porque este ano o tempo de campanha é menor e não há debates televisivos na maioria das cidades. Por essas razões, o cientista político e diretor da Metapolítica Consultoria, Jorge R. Mizael, explica que as eleições de 2020 devem consolidar a tendência de continuidade.
“Acredito que a pandemia, de alguma forma, acabou privilegiando os prefeitos que vão disputar a reeleição”, pontuou Mizael. Ele avalia que os candidatos que já têm domínio da máquina pública acabam tendo uma vantagem, exacerbada devido ao estado de calamidade.
O cientista político também observa que a pandemia tem impactado o modo de fazer campanha em 2020, que ficou mais dependente das redes sociais. Ele afirma que o cenário atual das campanhas está diferente dos de pleitos municipais anteriores. “As campanhas de prefeitura costumam ter muito movimento de rua”, explica Mizael, ao falar sobre uma tradição que está sendo quebrada este ano.
O cientista político acredita também que pode haver um componente de comodismo no voto do eleitor em 2020. “Não tem tanta aversão ao novo, mas há um certo comodismo”, pondera.
O primeiro turno das eleições vai ocorrer em 15 de novembro e o segundo, onde houver, no dia 29 do mesmo mês.
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