O número de favelas existentes no Brasil praticamente dobrou no intervalo de 12 anos. De acordo com dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2022, divulgados nesta sexta-feira (8), o país conta com 12.348 favelas distribuídas em 656 municípios. Em 2010, eram 6.329 favelas espalhadas por 323 cidades. Ou seja, houve um aumento de 95% no total de comunidades e de 103% no número de municípios com esse tipo de agrupamento de moradias.
Também subiu de 11,4 milhões de pessoas (6% da população) para 16,4 milhões de brasileiros (8,1%) a quantidade de moradores das favelas nesse período. São Paulo ocupa a liderança disparada no ranking de favelas por estado, com 3.123 comunidades, quase o dobro do Rio de Janeiro, que fica em segundo lugar com 1.724 favelas. Pernambuco ocupa a terceira posição, com 849 favelas.
Segundo o IBGE, favelas são áreas caracterizadas por insegurança jurídica, escassez de serviços públicos, padrões urbanísticos irregulares e ocupação de terrenos com risco ambiental.
Distribuição
Até 2010, o IBGE utilizava o termo “aglomerados subnormais” para se referir às favelas. Naquele ano, foram registrados 11,4 milhões de pessoas em 6.329 aglomerados, o que correspondia a 6% da população. Com melhorias metodológicas e tecnológicas, o Censo de 2022 permitiu um mapeamento mais preciso, incluindo áreas antes não identificadas, o que pode explicar o aumento observado na população e nas áreas mapeadas, além do crescimento demográfico.
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A distribuição de moradores de favelas no Brasil é desigual:
- Sudeste: 43,4% da população de favelas (7,1 milhões de pessoas)
- Nordeste: 28,3% (4,6 milhões)
- Norte: 20% (3,3 milhões)
- Sul: 5,9% (968 mil)
- Centro-Oeste: 2,4% (392 mil)
Os estados com maior número de moradores em favelas são:
Publicidade- São Paulo: 3,6 milhões
- Rio de Janeiro: 2,1 milhões
- Pará: 1,5 milhão
Esses três estados juntos abrigam 44,7% da população de favelas no Brasil.
Em termos proporcionais, o Amazonas tem a maior taxa de moradores em favelas, com 34,7% de sua população vivendo nessas áreas. Outros estados com taxas superiores à média nacional (8,1%) incluem Pará (18,8%), Espírito Santo (15,6%), Rio de Janeiro (13,3%), Pernambuco (12%), Bahia (9,7%) e Ceará (8,5%).
Os estados com menores percentuais são Mato Grosso do Sul (0,6%), Goiás (1,3%) e Santa Catarina (1,4%).
O fenômeno urbano
O Censo também revelou dados sobre as 26 maiores concentrações urbanas do Brasil, onde vivem mais de 750 mil pessoas. Nesses centros urbanos, 16,2% da população reside em favelas, o dobro da proporção nacional (8,1%). As cidades com maior proporção de moradores em favelas são Belém (57,1%), Manaus (55,8%), Salvador (34,9%) e São Luís (33,2%).
O Censo de 2022 apontou que 72,5% das favelas possuem até 500 domicílios. O total de domicílios em favelas é de 6,56 milhões, representando 7,2% do total de lares no país. A maioria (96,1%) são casas.
Principais dados sobre os domicílios:
- Média de moradores por domicílio: 2,9 pessoas (ligeiramente superior à média nacional de 2,8).
- Acesso à água: 89,3% dos domicílios em favelas.
- Acesso a esgoto: 61,5% (abaixo da média nacional de 65%).
- Coleta de lixo: 76% dos domicílios possuem esse serviço.
Em 2022, as favelas abrigavam 958 mil estabelecimentos, com a maior parte dedicada a comércio e serviços (616,6 mil). Também há presença de estabelecimentos religiosos (50,9 mil), de ensino (7,9 mil), de saúde (2,8 mil) e agropecuários (995).
Composição racial
A população das favelas é predominantemente negra e parda:
- Negros: 16,1% (contra 10,2% na população geral)
- Pardos: 56,8% (contra 45,3% na população geral)
Juntas, essas duas categorias somam 72,9% da população das favelas, contra 43,5% no total do Brasil.
A desigualdade racial é visível: 4,9% dos brancos moram em favelas, enquanto entre os pretos essa taxa é de 12,8%. Os indígenas têm uma taxa de 8%, com destaque para o Amazonas (17,9%).
Perfil demográfico
A população das favelas é mais jovem que a média nacional:
- Idade mediana nas favelas: 30 anos (contra 35 anos no Brasil como um todo).
- Índice de envelhecimento: 45 idosos para cada 100 crianças nas favelas, comparado a 80 no total do país.
A razão de sexo nas favelas é de 93,4 homens para cada 100 mulheres, similar ao total nacional.
As maiores favelas
A Rocinha, no Rio de Janeiro, é a maior favela do Brasil, com 72.021 moradores. Se fosse uma cidade, seria a 459ª maior do país, superando mais de 5.100 municípios. Juntas, as 20 maiores favelas do Brasil abrigam 858,6 mil pessoas, representando 5,2% da população total de comunidades no país.
- 20 maiores favelas em área (km quadrado):
1) 26 de Setembro – Brasília (DF), 10,5
2) Sol Nascente – Brasília (DF), 9,2
3) Morro da Cruz I e II – Brasília (DF), 5,9
4) Invasão Água Limpa – Itabirito (MG), 5,7
5) Valéria – Salvador (BA), 5,5
6) Coroadinho – São Luís (MA), 5,4
7) Santa Etelvina – Manaus (AM), 4,8
8) Parque Estrela – Magé (RJ), 4,6
9) João de Barro – Boa Vista (RR), 4,6
10) Jardim Progresso – Natal (RN), 4,5
11) Cidade de Deus/Alfredo Nascimento – Manaus (AM), 4,3
12) Baía do Sol – Belém (PA), 4,2
13) Residencial Tiradentes – São Luís (MA), 4,2
14) Gapara – São Luís (MA), 4,1
15) Vila Nestor – São Luís (MA), 4,1
16) Nacional – Porto Velho (RO), 4,1
17) Santa Rita – Feira de Santana (BA), 4,0
18) Barra Alegre – Ipatinga (MG), 3,9
19) Comunidade São Lucas – Manaus (AM), 3,8
20) Água Boa – Belém (PA), 3,8