Autor da série “O Mecanismo” e da franquia “Tropa de Elite”, o cineasta José Padilha, afirmou que foi “idiota” por acreditar no ex-juiz Sergio Moro e que vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um possível segundo turno contra Jair Bolsonaro.
“Realmente, eu fui um idiota de ter acreditado em Sergio Moro. Moro é a maior decepção que já tive na Justiça e na política brasileira. Ele virou ministro do Bolsonaro após uma eleição na qual ajudou a eliminar o Lula. E no minuto em que você faz isso e vira ministro do cara que foi eleito, demonstra claramente qual o seu caráter”, declarou em entrevista à Veja publicada nesta sexta-feira (27).
Na conversa, Padilha afirmou que o ponto central que o fez mudar de opinião sobre Moro foi o vazamento das conversas do ex-juiz com os procuradores da Lava Jato.
“Ficou bem claro que teve uma perseguição. Não estou dizendo que o Lula não sabia da corrupção. Evidente que sabia. Mas ficou óbvio que houve uma exacerbação dos casos contra o Lula para tirá-lo da eleição”, disse. “Se refizesse O Mecanismo, não é que o PT seria melhor, é que seria tudo ruim. O PT, o Ministério Público, o Sergio Moro. Estava tudo errado ali”.
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A série na Netflix, O Mecanismo, de José Padilha é inspirada na operação Lava Jato, que teve Sergio Moro e o ex-presidente petista como protagonistas. A operação resultou em 293 prisões e atuou entre os anos de 2014 e 2021.
Padilha também revelou que, em uma eventual disputa de segundo turno entre o presidente Jair Bolsonaro (PL), ele votará em Lula. “Lava-Jato à parte, o imperativo do Brasil é tirar o Bolsonaro do governo. Com Bolsonaro e Lula no segundo turno, eu voto no Lula. Voto nele sem pestanejar”, declarou.
PublicidadeQuestionado sobre Bolsonaro, o cineasta o comparou com um miliciano do filme “Tropa de Elite 2”.
“O Bolsonaro é um mentecapto, vou colocar assim. O Bolsonaro é um sujeito que traz em si todas as características do miliciano do Tropa de Elite 2. O final do Tropa 2, que mostra os milicianos chegando à política, foi profético de uma maneira que eu gostaria que não tivesse sido”, avaliou.