Dois anos após ter sido afastada do cargo em processo de impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff voltará às urnas em outubro, desta vez como candidata ao Senado por Minas Gerais. O nome dela foi confirmado neste domingo (5) em chapa com um de seus melhores amigos, o ex-ministro Fernando Pimentel, candidato à reeleição de governador. Quem ocupará o posto de vice, assim como a segunda vaga ao Senado, ainda é objeto de negociações.
Dilma poderá fazer parte até mesmo de uma coligação com o MDB, seu principal algoz no processo de impeachment. Uma eventual aliança com o PSB, cujo candidato inicial, Márcio Lacerda, resiste em abrir mão da candidatura, também está no horizonte. Durante a convenção, sobraram ataques ao senador Aécio Neves, que governou o estado por dois mandatos e foi derrotado por Dilma na disputa presidencial em 2014.
“Aqui em Minas Gerais é que vai se travar a luta decisiva. Se não ganharmos aqui, perderemos o Brasil. Somos desde aqueles que vão lutar dia a dia para eleger Lula presidente, Pimentel governador e, é claro, Dilma senadora. Esse trio é indissolúvel. Estamos nessa eleição pelo resgate da democracia. E a liberdade de Lula é a síntese da democracia no Brasil”, afirmou Dilma.
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No evento foi lida uma carta assinada pelo ex-presidente Lula. Nela, Lula provoca Aécio ao chamá-lo de “escondidinho do PSDB”, devido ao seu desaparecimento após as denúncias de corrupção na Lava Jato. Aécio foi ausência na convenção que sacramentou a candidatura ontem de Geraldo Alckmin (PSDB).
Veja a íntegra da carta:
“Queridas companheiras, queridos companheiros.
PublicidadeMinas, que esteve sempre presente nos momentos decisivos do Brasil, tem um novo encontro marcado com a História. 7 de outubro é o dia dizer nas urnas que esse povo que lutou pela liberdade e pela independência não aceita ser novamente colônia de ninguém. Não aceita ser outra vez escravizado, nem ter suas riquezas entregues de graça aos estrangeiros. Essa terra, que será sempre a dos inconfidentes, não tolera a traição, nem as perseguições políticas promovidas pela mesma elite colonizada e predadora de sempre.
Fui perseguido, condenado e preso sem nenhum crime cometido, a não ser o de lutar pela soberania do Brasil e pela liberdade do povo brasileiro. Nem assim nossos adversários ficaram saciados. A prova disso é que o encontro de hoje reúne duas outras vítimas da traição e da perseguição política. Companheiros na luta contra a ditadura, Fernando Pimentel e Dilma Rousseff enfrentam hoje juntos interesses poderosos contra o povo de Minas e do Brasil.
O PSDB, com apoio da grande mídia e de parte do Ministério Público e do Poder Judiciário, não se contentou em golpear a primeira mulher presidenta do Brasil, e colocar um fantoche em seu lugar. Tentaram também impedir a candidatura da Dilma ao Senado, porque sabem que serão derrotados, como foram em 2014, em Minas e no Brasil.
Não satisfeitos em perseguir a Dilma, nossos adversários tentaram impedir também a candidatura do Pimentel à reeleição. Conspiraram e continuam a conspirar, noite e dia. Deixaram de herança maldita para Minas uma dívida absurda, fruto da irresponsabilidade e do desgoverno, e usaram de todos os meios para impedir a negociação dessa dívida com a União. Queriam deixar Minas ingovernável, achando que com isso prejudicavam o PT, quando na verdade estavam causando sofrimento ao povo mineiro.
Não é por outra razão que o candidato deles, aquele que não aceitou a derrota em 2014 e acendeu o pavio desse golpe que trouxe de volta a miséria, a fome e a mortalidade infantil, achou mais prudente tirar o time de campo para não enfrentar nossa presidenta outra vez nas urnas. Aécio Neves, que chegou a pedir recontagem de votos após perder em 2014, está lançando um prato novo, meio diferente, que não tem muito a ver com a cozinha mineira nem é muito ecológico: o escondidinho de tucano. O povo mineiro não vai engolir essa receita indigesta nem para presidente, nem para governador, nem para o senado, nem para deputado federal.
É por isso que no dia 7 de outubro nós vamos reeleger o Pimentel governador. E vamos dar à Dilma uma votação histórica para o Senado, para fazer justiça nas urnas, com o povo.
Um grande abraço,
Por Luiz Inácio Lula da Silva”