A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) divulgou, na manhã desta sexta-feira (22), uma nota na qual rebate as afirmações feitas pelo seu ex-vice, o ex-presidente Michel Temer (MDB). Em entrevista ao UOL nessa quinta-feira (21), Temer afirmou que o impeachment de Dilma não foi um golpe e que a ex-presidente é uma pessoa “honestíssima”.
Em nota, Dilma afirmou que Temer “articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes” e pediu para que ele pare de tentar sua “limpar sua inconteste condição de golpista”.
Segundo a ex-presidente, “as provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI”.
“Lembro ainda que a “dificuldade de diálogo com o Congresso” não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe”, destacou Dilma.
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A ex-presidente afirma que a “dificuldade” era uma rejeição às práticas do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ). Segundo Dilma, Cunha já planejava implementar as emendas de relator, conhecidas como o chamado “orçamento secreto”, durante o seu governo.
“Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor”, concluiu.
PublicidadeConfira a íntegra da nota da ex-presidente:
“Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes.
É de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014.
As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes.
Lembro ainda que a “dificuldade de diálogo com o Congresso” não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe.
Tal “dificuldade” era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o “orçamento secreto”, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal.
Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor.
Dilma Rousseff”