Fala-se no meio político que o PMDB é sempre base de governo, não importando quem seja o governante. De fato, desde a redemocratização, a legenda só não esteve com um presidente da República: Fernando Collor, que, em seu tempo, pagou o preço de não compor maioria no Congresso.
Agora, no segundo mandato de Dilma, o alinhamento do PMDB com o Planalto não deveria ser diferente da regra geral. Mas essa relação não vai bem. E são vários os pontos de tensão. Entre eles, as eleições de 2014, que colocaram PT e PMDB em rota de colisão em pelo menos 14 disputas estaduais. A mais emblemática delas: a derrota de Henrique Eduardo Alves, atual presidente da Câmara, na corrida ao governo do Rio Grande do Norte. Derrota que contou com a participação de Lula, em vídeo de apoio ao adversário de Henrique.
Lideranças de PT e PMDB tentam contemporizar, mas o clima de terceiro turno está implantado, e justamente na Câmara, que deu uma derrota a Dilma na volta aos trabalhos: a derrubada da Política Nacional de Participação Social. Agora, parte desses peemedebistas se articula para eleger como presidente da Casa um antigo desafeto do Planalto: Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em reuniões fechadas, a presidente e o PT tentam uma saída para reduzir a dependência do PMDB. Uma delas seria a formação de um bloco de apoio reunindo legendas que caminharam com Dilma, como o PP, o PR, o PSD, o PRB e o Pros. Mas o que se tem por enquanto, como sinalizou Dilma, é apenas diálogo.
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Em setembro, ainda na indefinição do quadro presidencial e sugerindo migrar para o lado de um vitorioso diferente de Dilma, Michel Temer expôs as credenciais do partido em uma simbólica declaração. Abre aspas: sem o PMDB não se governa – fecha aspas. Definidos os eleitos e com ressentimentos na pauta do dia, o desafio de Dilma e do PT neste momento é descobrir como governar com o PMDB.
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