Em várias cidades do país neste sábado (20), houve manifestações pelo Dia da Consciência Negra. Em Brasília, manifestantes se concentram ao redor de um trio elétrico estacionado ao lado da Biblioteca Nacional. A bandeira da igualdade racial não é a única levantada: também comparecem movimentos sindicais, movimentos de defesa dos povos indígenas e partidos de oposição como PT, Psol, PCO e PSTU. O racismo também não é a única pauta: gritos de “fora Bolsonaro” são uma constante, bem como cartazes contra projetos de interesse do governo, como a Reforma Administrativa e a PEC dos Precatórios.
Além de Brasília, foram registrados, segundo o UOL, atos nas cidades de São Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro, Salvador (BA), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Londrina (PR), Belém (PA), Altamira (PA), entre outras.
De acordo com Samuel Santos, membro da Rede Emancipa do Movimento Negro e um dos organizadores da manifestação, o combate ao racismo está diretamente atrelado ao enfrentamento do governo de Jair Bolsonaro. “Esse governo, desde antes de assumir, já era parte de uma organização contra a população negra. A partir do momento que ele [Bolsonaro] entra, ele dá sequência a uma série de medidas de desmobilização da nossa causa”, explica.
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Essa desmobilização, de acordo com o organizador, se deu principalmente pela indicação de Sérgio Camargo para assumir a presidência da Fundação Palmares. “Com a gestão dele, a gente perde a verba do financiamento para produção de arte e cultura negra”, alertou. Além disso, Samuel Santos considera que políticas voltadas para o armamento civil e o relaxamento de medidas de controle das forças policiais resultou no aumento da violência contra a população negra no Brasil.
“Temos também a questão da própria pandemia. O combate no início da pandemia foi totalmente desprezível, e no fim fez com que mais pretos morressem. Os pretos foram aqueles que mais sentiram o efeito da pandemia”, acrescentou o organizador.
Danielle Sanches, também organizadora do ato, complementa afirmando que não apenas a população preta foi a mais atingida, como foi a primeira população a sofrer com a pandemia. “As primeiras pessoas a contrair a doença no Brasil não eram pretas. Mas a primeira a morrer foi uma mulher preta trabalhadora”.
Danielle também aponta para a ingerência da atual gestão ao lidar com povos quilombolas. “Temos uma gestão que nega as condições de regularização dos quilombos, temos uma gestão que nega políticas públicas de assistência para que esses quilombos continuem existindo. O governo hoje nega a existência dos povos quilombolas, e com isso nega a história do povo preto”.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) compareceu no ato. Ao Congresso em Foco, explicou que o combate a todas as formas de discriminação estão vinculadas ao combate ao racismo. “Nenhuma discriminação é solitária. Elas se retroalimentam. Um país que convive com o sexismo, com a LGBTfobia, com o patriarcalismo e o patrimonialismo vai conviver também com o racismo”. Dessa forma, segundo a deputada, discursos discriminatórios vindos do chefe do Executivo acabam por vincular o combate ao bolsonarismo ao combate ao racismo.