Especialistas presentes no seminário “Caminhos para um jornalismo sustentável“, promovido pelo Congresso em Foco com apoio do Google, indicaram que é necessário discutir temas básicos para a continuidade do jornalismo brasileiro. Duas questões centrais são a definição do que é ou não o jornalismo e como financiá-lo.
O seminário “Caminhos para um jornalismo sustentável“, promovido pelo Congresso em Foco com apoio do Google, é transmitido ao vivo.
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“A situação está terrível. Estamos vivendo momentos muito difíceis, em vários aspectos”, disse Kátia Brembatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
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Segundo ela, até o momento o setor não parou para repensar o jornalismo depois da transformação digital no mundo. Nesse cenário, se abre espaço de uma “zona cinzenta” para fake news propagadas por pessoas que não fazem jornalismo.
Publicidade“A forma de fazer comunicação mudou nos últimos 20 anos e a gente não parou para discutir, fazer aquela parada técnica necessária, para discutir que jornalismo é esse e o que diferencia o jornalismo do não jornalismo”, disse Brembatti. “E daí a gente vive o fenômeno da desinformação, muitas vezes propagada por pessoas que se dizem jornalistas, mas não o são.”
Para o secretário da Secretaria de Políticas Digitais do governo federal, João Brant, esse problema é perpassado pela forma como o brasileiro consome notícias atualmente. Ele pontuou o fato de que “a dieta de mídia” se dá pelas redes sociais.
“E isso gera, do nosso ponto de vista um problema, porque uma das externalidades negativas do modelo de negócio das plataformas é que elas se orientam pela maximização do engajamento e não pelos critérios do jornalismo profissional”, disse o secretário.
Financiamento
Outro ponto central para os integrantes do primeiro painel do evento “Caminhos para um jornalismo sustentável” é como os veículos que produzem jornalismo profissional vão se manter em funcionamento. Também neste ponto, para Brant, o setor precisa encontrar formas de conviver com as redes sociais.
O secretário destaca que as mídias digitais muitas vezes são responsáveis pela distribuição de receitas para os veículos, principalmente de publicidade. Para o secretário do governo, é necessário haver transparência na forma como as principais empresas, como Google e Meta, fazem essa distribuição.
“O governo tem uma missão, que é buscar apoiar o fortalecimento e a sustentabilidade do jornalismo pelo significado e pelo impacto que ele tem na democracia”, disse Brant.
Para Sérgio Lüdtke, do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, o fortalecimento precisa ser acompanhado da criação de fundos públicos e privados para manter o jornalismo.
Brant indicou que há proibições constitucionais para a criação de fundos, no entanto há outras alternativas para o financiamento com apoio governamental, como contribuições tributárias.
Uma pesquisa da Projor morstra que 68% dos veículos locais de 2021 faturaram até R$ 25 mil por mês. Outros 21% não tiveram qualquer receita naquele ano.
“A gente sempre fala que bom jornalismo custa caro fazer. E é verdade. Mas quando a gente olha para esse número, eles estão conseguindo fazer jornalismo com poucos recursos. Então, quando a gente vai falar de fundos de financiamento, às vezes, poucos recursos já são suficientes para dar garantia de funcionamento para esses veículos”, disse Lüdtke
Entre os caminhos para um jornalismo sustentável, Lüdtke citou a necessidade de veículo definirem e deixarem público os seus compromissos editoriais. Além disso, é preciso que os veículos invistam em gestões capacitadas e diferentes fontes de funcionamento.
“Caminhos para um jornalismo sustentável”
Especialistas internacionais, parlamentares, representantes do setor e do governo debatem nesta quinta-feira (7), das 9h30 às 12h30, o financiamento e o desenvolvimento do jornalismo. O seminário “Caminhos para um jornalismo sustentável“ é promovido pelo Congresso em Foco com apoio do Google.
Os debates incluirão temas como direitos autorais, remuneração para organizações jornalísticas e políticas públicas com impacto na área, no Brasil e em outros países. A ideia é produzir uma discussão rica, interessante e distante de sectarismos e de visões apaixonadas ou preconceituosas, buscando estabelecer diagnósticos e soluções para o negócio do jornalismo. A intenção é compreender necessidades e interesses das partes envolvidas e pensar em soluções sustentáveis para administrá-los.
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