Na eleição para o governo do Rio em 2014, Paulo Melo (PMDB), então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), cunhou uma frase que entrou para história: “Nós reunimos 18 partidos. Eles vão ter apoio de quantos? O único lugar em que 1 ganha de 18 é em filme do Bruce Lee.”
Sérgio Cabral já estava com sua popularidade no chão. Renunciou para que Pezão, então vice, assumisse e disputasse a reeleição. Os adversários desdenhavam, diziam que nada seria capaz de livrar o PMDB da farra dos guardanapos de Cabral em Paris. Com 18 partidos, e mais 3 no segundo turno, Pezão foi reeleito.
Sem Joaquim Barbosa, o PSB entrou no time de noivas cortejadas. Para onde for poderá sinalizar a criação de um pólo. Os socialistas podem ainda decretar a neutralidade, pensando apenas nos projetos estaduais.
Rodrigo Maia tenta liderar um bloco de olho em sua reeleição à presidência da Câmara. A Globo lhe acena novamente com a derrubada de Temer, pressionando a PGR pela terceira denúncia. Maia assumiria a presidência e disputaria a reeleição no cargo. Não topou das outras vezes, é pouco provável que tope agora. Tem consciência de seus limites eleitorais.
DEM, PP, PRB e Solidariedade desfilam três pré-candidatos. Na prática, procuram alguém com chance real que lhes garanta o poder no legislativo em 2019. Tentam atrair o PR para o time.
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Este bloco andou flertando com Ciro, não se sabe se amor verdadeiro ou se apenas para causar ciúmes em Alckmin.
PublicidadeO PT, ao colar a defesa de Lula à sua candidatura, tenta manter os Lulistas não orgânicos por perto. Com a fragmentação reinando e a direita batendo cabeça, a estratégia petista continua de pé.
Ciro está na moda. Cresceu politicamente, vem conquistando apoios dos governadores do Nordeste, mas também continua isolado partidariamente.
Alckmin ocupa a vaga do PSDB, parece contar com PTB e PSD, mas Doria nunca deixou de sonhar. Uma troca pelo ex-prefeito poderia unificar São Paulo em torno da chapa Doria-França. É improvável, mas com Alckmin patinando, seria uma jogada inteligente.
Ciro será candidato. Bolsonaro será candidato. O PT terá candidato. Manuela (PCdoB) e todos os demais pré-candidatos serão cortejados nos próximos 90 dias. Podem confirmar voos solos para marcar posição ou moverem-se, fortalecendo polos com reais chances de vitória.
Marina é uma candidata expressiva sem partido. Especula-se que trabalha por uma aliança com Álvaro Dias, que tampona os tucanos no sul. Político tradicional que tenta posar de “novo botox”, o senador pode ser sua salvação.
Josué Alencar e Benjamin Steinbruch são as “noivas” do setor produtivo. Filiados ao PR e ao PP, respectivamente, carregam o sonho de repetição do sucesso da chapa Lula-Zé Alencar.
Bolsonaro parece ser o único capaz de resistir a um voo solo. Candidato a Bruce Lee, pode inclusive se beneficiar do isolamento. Mesmo assim anda flertando com o PR.
Se um polo se formar em torno do PSDB passa a ser real a chance dos tucanos no segundo turno. Se conseguir aliados, Ciro entra na briga. Bolsonaro e o plano B do PT em setembro também disputarão uma vaga. Hoje, desses quatro (se Marina ampliar entra no grupo), dois estarão no segundo turno.
O campo conservador terá um representante. A tendência é a esquerda estar representada, mas a fragmentação gera uma incerteza real.
Se houver uma reviravolta improvável e Lula, o único Samurai, mestre de Bruce Lee, tiver sua candidatura confirmada, obviamente tudo muda.
As “noivas” dirão sim para quem? Para onde vai o PSB? Para onde vai o bloco Maia-Centrão? Para onde vai Marina? Para onde vão os pequenos partidos, ou os que possuem candidatos frágeis, incluído aí o MDB? Esses movimentos serão decisivos.
Com os outsiders fora e o Samurai preso, é bom ficar atento. O único lugar em que 1 ganha de 18 é em filme do Bruce Lee.