O Distrito Federal foi, até o momento, a única unidade da federação a instaurar uma CPI para investigar os motivos que levaram aos atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes da República foram atacadas por manifestantes que exigiam um golpe militar. Apesar da unanimidade em favor de sua criação, o colegiado instaurado na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) segue emperrado desde a aprovação de seu requerimento, no último dia 18. Deputados distritais competem sobre quem deverá assumir o comando da CPI.
Mesmo com sua imagem fragilizada diante de seu próprio partido, o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), segue com apoio majoritário na CLDF, e consequentemente na formação do colegiado. Essa maioria busca preservar para si as funções de presidente e relator. Do outro lado, a iniciativa para que o colegiado fosse instaurado partiu dos dois blocos da minoria, por meio de um requerimento do PT e outro do bloco Psol/PSB, que exigem um dos cargos.
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“A CPI dos atos golpistas já deveria estar funcionando desde a semana passada, quando nós da oposição exigimos uma divisão igualitária dos cargos dirigentes. A base não topou ceder”, conta o deputado distrital Fábio Félix (Psol), um dos dois titulares vindos dos partidos de oposição. A bancada do PT, que ocupa uma das cadeiras da CPI, chegou a considerar abrir mão da participação na CPI caso o governo não abrisse mão de um dos cargos de direção.
Pontos sensíveis
A resistência do governo em ceder parte da diretoria da CPI não se dá por acaso. Entre os temas na mira da investigação da oposição, estão pontos sensíveis para o governo do DF. Fábio Félix conta que o bloco planeja investigar as omissões das forças de segurança não apenas no dia 8, mas também na noite de 12 de janeiro, quando bolsonaristas incendiaram o centro de Brasília, e foram embora sem que houvesse qualquer prisão. “Se a própria Secretaria de Segurança Pública do DF já tinha identificado o caráter golpista e violento desses atos, por que deixou de agir?”, questiona o deputado.
Paralelamente, o líder do governo, Robério Negreiros (PSD), manifestou durante a sessão em que foi instaurada a CPI o intuito de investigar se houve omissão por parte de agentes federais, em especial do Exército e da Força Nacional de Segurança. A iniciativa conta com apoio dos distritais do PL, alinhados com a oposição a nível Federal, mas pode enfrentar resistência da bancada do PT.
A expectativa de Fábio Félix é que o impasse possa ser resolvido na tarde desta terça-feira, em que está marcada a votação dos dirigentes do colegiado. “Não aceitaremos a tentativa de blindagem de autoridades ou de esvaziamento da CPI. (…) Contamos com o bom senso dos deputados da base governista, entendendo que é do interesse de todos que as investigações avancem”, declarou.
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