A competitividade é uma força vital para o progresso de qualquer nação, e no contexto brasileiro, ela desempenha um papel crucial no desenvolvimento econômico, na mobilidade social e na inovação, seja privada ou governamental. Trata-se da capacidade de uma organização de alcançar com sucesso seus objetivos em relação às demais competidoras. Este conceito se fundamenta na habilidade de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes ou cidadãos, promovendo um ambiente onde a qualidade e eficiência são valores intrínsecos.
A falta de uma política de Estado coordenada e de planejamentos consistentes de longo prazo resulta no chamado “Custo Brasil“, um conjunto de desafios estruturais, burocráticos e econômicos, como financiamento, formação e qualificação do capital humano, infraestrutura, segurança jurídica e tributos, prejudica a competitividade nacional. John Locke, influente filósofo iluminista, salientava: “Onde não há lei, não há liberdade.” Esse princípio reforça a necessidade de uma legislação clara e eficaz, garantindo florescimento da economia, da liberdade e da justiça social. A ausência de uma abordagem estratégica e integrada perpetua obstáculos, dificultando o amplo acesso a bens e serviços pelos cidadãos.
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A fragilidade na definição de um caminho a ser trilhado, especialmente em termos de planejamento consistente e de longo prazo, é uma das principais razões para o baixo crescimento. Dados do estudo desenvolvido pelo Governo Federal em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC) revelam que o Custo Brasil é R$ 1,7 trilhão maior do que a média dos países membros da OCDE, correspondendo a 20% do PIB. Elementos como formação e qualificação do capital humano, tributos, infraestrutura, financiamento e segurança jurídica destacam-se, representando 70% desse montante. A redução do Custo Brasil torna-se uma prioridade inadiável e permanente para impulsionar o crescimento econômico.
É preciso olhar a floresta, não as árvores. Um sistema tributário simplificado e favorável à geração de empregos, uma nova matriz econômica inovadora centrada na energia verde, o fortalecimento do potencial dos microempreendedores brasileiros, o estímulo às debêntures na infraestrutura e uma reforma no sistema educacional para combater a evasão escolar são algumas das ações e desafios, entre vários outros, que precisaremos enfrentar em 2024.
A responsabilidade pelo futuro do Brasil repousa sobre uma grande articulação nacional entre o setor produtivo, governo e parlamento. A elaboração de soluções, legislações e projetos que fortaleçam a competitividade no país é essencial para impulsionar, de fato, a economia brasileira. Somente através dessa colaboração estratégica será possível superar os desafios estruturais, promover inovação, mobilidade social e garantir um crescimento econômico sustentável e inclusivo. Competitividade é a chave para o avanço, e é hora de o Brasil aproveitar todo o seu potencial.
Gabriel Lepletier – Cientista político e Public Policy Partner na Think Brasil
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