No último domingo (6), durante o primeiro turno das eleições municipais, os partidos que formam o “centrão” foram os principais vencedores. Em especial, o PSD, sigla capitaneada por Gilberto Kassab e que emplacou prefeitos em 882 municípios, e o MDB, com 856 prefeituras. Apesar do crescimento de partidos de centro, o PT, do presidente Lula também cresceu.
De 182 prefeitos eleitos em 2020, a sigla saltou para 248 nestas eleições. O PT ainda disputa o segundo turno em outros 13 municípios: Camaçari (BA), Fortaleza (CE), Caucaia (CE), Anápolis (GO), Cuiabá (MT), Olinda (PE), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Pelotas (RS), Santas Maria (RS), Diadema (SP), Mauá (SP) e Sumaré (SP).
Lideranças petistas fizeram um balanço do resultado do partido no primeiro turno. A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), classificou o momento do partido como “reconstrução”, mas dentro das expectativas. O presidente Lula, em entrevista à rádio CBN/O Povo de Fortaleza na sexta-feira (11), apontou que é preciso “rediscutir o papel da legenda”. No mesmo tom de autocrítica, o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados Reginaldo Lopes (MG) apontou “desconexão com a realidade” por parte do partido.
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Lula
No balanço do presidente Lula sobre as eleições municipais, ele avaliou que sua participação foi “mais acanhada”. O chefe do Executivo também apontou que foi mais participativo na campanha do deputado Guilherme Boulos (Psol), na disputa por São Paulo. “Em São Paulo eu me dediquei um pouco, fui duas vezes, porque lá é uma briga que está estabelecida entre lulismo e bolsonarismo”, apontou.
Sobre o desempenho do PT, o presidente defendeu que é preciso “rediscutir” o papel da legenda. “O PT cresceu em número de prefeitos, o PT cresceu em número de vereadores. Mas o PT já governou São Paulo, Porto Alegre, já governou outras capitais importantes, cidades que nós não governamos. Nós perdemos São Bernardo (SP), Santo André (SP), estamos no segundo turno em Diadema (SP) e Mauá (SP). O dado concreto é que o PT perdeu inclusive em Araraquara (SP), que é uma cidade que todo mundo tinha certeza que a gente ia ganhar. Teresina (PI), até uma semana antes das eleições, todo mundo dava a eleição do candidato do PT e não aconteceu, coisa de eleição”, disse Lula.
Publicidade“Toda vez que termina uma eleição aparecem os vencedores, os heróis, e que acham que o mundo a partir dali mudou. A eleição de prefeito na verdade não tem muita incidência numa eleição presidencial. Porque nem todo prefeito no segundo ano de mandato está bem.(…) O prefeito no primeiro ano herda o orçamento do prefeito anterior”, minimizou o presidente sobre a influência das eleições municipais no pleito presidencial.
Veja a entrevista:
Gleisi Hoffmann
A presidente do partido deu entrevista ao Uol no mesmo dia do primeiro turno das eleições municipais. Ela avaliou que o partido tem desafios na área de comunicação, mas salientou que o partido não pode usar “os mesmos recursos e formas que eles fazem”, em referência à direita.
“Mas obviamente que a gente não usa os mesmos recursos, nem as mesmas formas que eles utilizam para ganhar as redes, com discurso fácil, com mentiras. Isso nunca foi uma prática nossa e nunca será. Nós nunca faremos isso para conquistar esse tipo de espaço, a gente tem causa, tem proposta, e sempre disputamos assim”, afirmou.
Gleisi Hoffmann também afirmou que o desempenho do partido ficou dentro das expectativas. “Nós nunca tivemos grandes expectativas para esse processo eleitoral de 2024. O que nós queríamos? Melhorar o resultado de 2020, e conseguimos isso. O que nós tínhamos expectativa, inclusive, a recuperação da imagem do PT, nós estamos conseguindo”, disse a presidente da sigla.
Veja a entrevista:
Reginaldo Lopes
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Reginaldo Lopes fez duras críticas ao PT em postagens publicadas nesse sábado (12). O parlamentar avaliou que a força do partido precisa de “ajustes práticos” e que o momento de mudança na sigla é agora.
“A performance decepcionante do partido do presidente mais icônico da história do Brasil expõe nossa desconexão com a realidade. O mundo mudou e novas demandas surgiram. Precisamos nos reinventar para conectar com a juventude, trabalhadores urbanos e rurais, mulheres e empreendedores que movem a economia. Sem isso, estamos condenados ao fracasso”, escreveu Reginaldo Lopes.
Em outra publicação, o deputado também afirmou que a imagem do PT foi distorcida pela extrema direita, que dominou a comunicação na era digital. Ele avaliou ainda que o próprio partido caiu na “armadilha”. Por fim, Reginaldo Lopes retomou a ideia de necessidade de mudança no partido e de apresentar um “novo programa” para o país.
A extrema direita, que dominou a comunicação na era digital, distorceu a realidade e empurrou a imagem do PT para o extremo oposto. Caímos na armadilha! O PT, assim como o Brasil, é uma tapeçaria de pluralidade, refletindo as diversas realidades do nosso povo. Sou um moderado…
— Reginaldo Lopes (@ReginaldoLopes) October 11, 2024