Duas pesquisas divulgadas nesta segunda-feira. E, em ambas, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, aparece com o mesmo percentual: 44%. A diferença, porém, está nos demais detalhes dos dois levantamentos. Diferenças pequenas, que coincidem no ponto principal: Lula segue sendo o favorito para vencer em outubro.
Na pesquisa divulgada pelo Instituto FSB para o BTG/Pactual, Lula teve um avanço de três pontos percentuais com relação à rodada anterior. E o presidente Jair Bolsonaro oscilou um ponto percentual para baixo, ficando com 31%. De todos os candidatos, Lula foi o único a crescer para além da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais.
Já no caso da pesquisa feita pelo Instituto Ipespe para a XP Investimentos, o percentual de 44% para Lula representa uma queda de um ponto percentual com relação à rodada anterior. E, no caso, Bolsonaro apareceu com 35%, um ponto acima do que tinha antes. No caso do Ipespe, as duas oscilações ficaram abaixo da margem de erro.
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Apesar da diferença – em uma pesquisa, Lula cresce, na outra diminui um pouco a distância dele para Bolsonaro –, há pontos em comum nos dois levantamentos. O primeiro é que fica claro que as “bondades” – com todas as aspas possíveis – tentadas por Bolsonaro nos últimos dias não foram capazes de reverter o quadro de desvantagem dele na corrida com Lula. No caso da FSB/Pactual, o efeito foi oposto. Mesmo com a aprovação da PEC Kamikaze, a distância aumentou.
Publicidade“A maioria do eleitorado brasileiro (54%) já percebeu a redução no preço dos combustíveis, ficou sabendo da aprovação da PEC Emergencial e aprova o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600,00 e do Vale Gás para R$ 120,00, além da criação do Vale Diesel para os caminhoneiros. Mas essas medidas promovidas pelo governo e aprovadas pelo Congresso Nacional ainda não foram suficientes para mexer com o quadro eleitoral. E também não mudaram a forma como a população avalia o Executivo Federal”, escreve o diretor da FSB, Marcelo Tokarski, no relatório da pesquisa.
No caso da XP/Ipespe, a oscilação que reduz um pouco a vantagem de Lula até poderia estar relacionada à aprovação da PEC e suas “benesses” – de novo, com todas as aspas possíveis. Mas o diretor do Ipespe, Antonio Lavareda, observa que, no ritmo em que vai, essa aproximação de Bolsonaro não seria capaz de reverter a desvantagem nos 69 dias que temos até a data do primeiro turno.
“A atual distância entre eles é a menor desde junho do ano passado. Porém, para inverter o jogo o Presidente necessita acelerar muito mais. Se o ritmo de recuperação que apresentou nesses quase dois meses fosse o mesmo até 2 de outubro, ele só conseguiria subtrair três pontos da atual diferença, chegando às urnas ainda seis atrás de Lula, cerca de 9 milhões de votos”, observa Lavareda.
Lavareda aponta que especialmente a vantagem de Lula sustenta-se por conta do seu desempenho em três segmentos da sociedade: entre os jovens, entre as mulheres e entre os mais pobres. E eis aí um ponto de contato entre as duas pesquisas. As benesses tentadas por Bolsonaro não encontraram eco justamente entre os seus destinatários. Os beneficiários dos vales e auxílios tentados pelo governo seguem votando em Lula.
Entre os mais jovens, que têm de 16 a 34 anos, Lula tem 50% das intenções de voto contra 27% de Bolsonaro. Na convenção do PL no domingo (24), escalou-se a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para abrir o evento, numa tentativa de reverter a rejeição do presidente no eleitorado feminino. Mas, segundo o Ipespe, 48% das mulheres preferem Lula, contra 30% que vão de Bolsonaro. E entre os mais pobres, os que ganham até dois salários mínimos, o candidato do PT tem 51% contra 28% de Bolsonaro.
Ao que parece, esses serão os segmentos definidores do pleito de outubro. E nada indica que eles vão alterar as suas convicções de agora. São principalmente eles que sustentam a vantagem de Lula sobre Bolsonaro.