O comandante do Exército, general Tomás Paiva, divulgou as diretrizes da sua gestão. No documento de 40 páginas, o comandante afirmou que deseja fortalecer a imagem do Exército como uma “instituição de Estado, apolítica e apartidária”.
“Os quadros da Força devem pautar suas ações pela legalidade e legitimidade, mantendo-se coesos e conscientes das servidões da profissão militar, cujas particularidades tornam os direitos e os deveres do cidadão fardado diferentes dos demais segmentos da sociedade”, escreveu o general.
O comandante destacou que o Exército se pauta pelo respeito à Constituição, afirmando que os integrantes da Força “trabalharão para que o Exército Brasileiro continue a cumprir suas missões previstas na Carta Magna, alinhado aos anseios da sociedade e aos valores e tradições nacionais”.
As diretrizes também apontam as mudanças climáticas como um dos desafios e que o “Exército continuará trabalhando para o aperfeiçoamento da gestão ambiental e para o desenvolvimento e a difusão de tecnologias que permitam estabelecer um modelo de aproveitamento sustentável das riquezas disponíveis, sobretudo na região amazônica, garantindo maior integração e proteção àquela área”.
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A divulgação das diretrizes é praxe no início das gestões dos comandantes para apontar as prioridades, objetivos e premissas que orientarão a sua gestão. Paiva foi escolhido pelo presidente Lula (PT) no dia 21 de janeiro, substituindo o general Júlio César de Arruda. Arruda foi substituído após os atos golpistas de 8 de janeiro, realizados por bolsonaristas que se organizavam na frente dos quartéis do Exército.
Confira a íntegra das diretrizes:
PublicidadeÁudio lamentando a vitória de Lula
Em um áudio vazado nessa terça-feira, divulgado pelo podcast Roteirices, do jornalista Carlos Alberto Júnior, o general afirmou que a vitória de Lula foi um “resultado indesejado”. A conversa ocorreu em reunião com oficiais do Comando Militar do Sudeste, então liderado por ele, no dia 18 de janeiro, três dias antes de ser nomeado comandante da Força.
Paiva afirma que os militares participaram da comissão de fiscalização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que não foi possível “falar com certeza que houve irregularidades” no processo eleitoral. “Agora, o processo possivelmente pode ter falhas que têm de ser apuradas, falhas graves, mas não dá para falar com certeza que houve irregularidades. Infelizmente, foi o resultado que a maioria de nós, para a maioria de nós foi indesejado, mas aconteceu”, afirmou.
O general também criticou a interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas Forças Armadas e ressaltou ser necessário combater a “politização das Forças”. Apesar de ressaltar nas diretrizes que terá uma gestão apolítica, Paiva debateu vários assuntos na reunião, como a economia do país, os motivos pelos quais um golpe militar seria inviável e a PEC do voto impresso.