Expoentes da atual polarização política nacional, PT e PSL estão coligados em 136 municípios, revela levantamento do Congresso em Foco, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As alianças envolvendo os dois partidos são, em sua maioria, com candidatos a prefeito de outras legendas. Em Aparecida de Goiânia (GO), por exemplo, PT e PSL apoiam a candidatura de Gustavo Medanha (MDB) em uma chapa com 20 partidos. O município de 160 mil habitantes faz parte da região metropolitana de Goiânia (GO).
Em Belford Roxo (RJ), com 470 mil habitantes, Waguinho, também do MDB, uniu uma chapa de 18 partidos com os antagonistas PT e PSL juntos.
Cidades pequenas
Coligações onde um partido apoia diretamente o candidato do outro ocorrem em cidades pequenas: o PT tem cabeça-de-chapa com o apoio do PSL em locais como Urucurituba, às margens do Rio Amazonas; Santana do Itararé (PR) e em Vila Boa, em Goiás. O inverso ocorre em cidades como Rio do Campo, em Santa Catarina; e em Trindade (PE), com 30 mil habitantes.
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A união no âmbito municipal é relativizada por um líder partidário ouvido pela reportagem, já que as cidades onde a candidaturas são formadas exclusivamente pelos dois partidos são ainda menores e menos relevantes, mesmo dentro dos seus estados. Em São Pedro dos Crentes (MA), que tem 4.600 habitantes e fica a quase 800 km de São Luís, Lahésio Bonfim (PSL) concorre à reeleição na prefeitura em chapa com o PT. O vice também é do PSL – e ambos disputam contra Leila Coutinho, a única concorrente, que é do Republicanos e que não possui coligação na cidade.
PublicidadeOutro caso acontece em Macieira (SC) – cidade a 440 km de Florianópolis e que contava com 1,8 mil habitantes no último censo – a 108ª menos populosa do país. Lá, o agricultor Vilmar Maffioletti (PSL) é candidato na chapa com o PT – partido pelo qual disputou a Câmara de vereadores local em 2012. Na cidade, Vilmar concorre com o também agricultor Fermino de Oliveira (PT) como seu vice. Há também dois candidatos, do PL e do MDB, na disputa ao cargo.
No Congresso, distância
Se em disputas municipais a aliança é aceitável, no Congresso Nacional o PSL e o PT estão em polos opostos. No índice de governismo do Radar do Congresso, a disparidade entre as bancadas na Câmara fica clara: na Câmara, o PSL – partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu em 2018 e que tem a segunda maior bancada da Casa – votou com o governo em 93% dos casos. O PT – que agrega a maior bancada partidária da Câmara – se alinhou ao governo em apenas 20% dos casos (Odair Cunha, do PT mineiro, é o único a passar de 25% de governismo).
No Senado, a visão geral é a mesma: os dois senadores do PSL (Major Olímpio e Soraya Thronicke) têm 88% e 92% de alinhamento, respectivamente; os seis senadores do PT se alinham entre 71% e 74% às causas governistas.
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