Ao confirmar a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) como vice em sua chapa na tarde desta segunda-feira (6), o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, reclamou da “confrontação amesquinhada” entre PT e PSDB “que tem feito muito mal ao Brasil”. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Ciro criticou “rasteira” e “punhalada nas costas” promovidas pelos dois partidos.
Isolado, Ciro reage a manobra do PT e do PSB: “Caudilhismo barato”
“É só fuxico, é só tratativa de gabinete, é só conchavo, é só rasteira, é só punhalada pelas costas. Porque a base moral da falta de escrúpulo na política é a mesma base moral de quem tem falta de escrúpulo diante do dinheiro público”, reclamou o pedetista. Ciro teve sua candidatura enfraquecida pelas articulações de Geraldo Alckmin (PSDB) e do ex-presidente Lula (PT).
Desde o fim do mês passado, a candidatura do ex-governador do Ceará sofreu reveses articulados pelos presidenciáveis das siglas. No fim de julho, o grupo de partidos que compõem o chamado “centrão” encerrou o flerte com o cearense – que tentava obter o apoio das siglas e aumentar seu tempo de exposição no rádio e na televisão – e fechou apoio à candidatura de Alckmin. No meio tempo, Lula arquitetou a posição de neutralidade do PSB na disputa presidencial, oficializada ontem (domingo, 5) na convenção do partido.
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A decisão por aclamação de não apoiar nenhum candidato à Presidência oficialmente, na prática, favorece o PT. O acordo é para que o partido de Lula apoie candidatos do PSB em, pelo menos, quatro estados – Pernambuco, Amapá, Amazonas e Paraíba – além da possibilidade de inclusão de Tocantins. Em contrapartida, o PSB daria apoio aos petistas que disputam os governos do Acre, da Bahia, do Ceará e do Rio Grande do Norte. Neste formato, os socialistas teriam liberdade ainda para alianças com outras legendas como o PDT nos estados, mas enfraquecendo a candidatura de Ciro no cenário nacional.
Além do PSB, Lula conseguiu ainda atrair o PCdoB, também cortejado por Ciro para compor coligação. No fim da noite de domingo, o PT fechou acordo com a sigla de Manuela D’Ávila, que era até então a candidata do partido.
PublicidadeO PCdoB desistiu de lançar a deputada estadual gaúcha na corrida presidencial. Ela agora será a “vice de fato” de Lula, segundo a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que preside o PT. Manuela viajará o país ao lado de Fernando Haddad, a quem substituirá na chapa caso a Justiça Eleitoral aceite a candidatura do ex-presidente. Se o nome de Lula, que encabeça a chapa, for barrado pela Lei da Ficha Limpa, Haddad assumirá a cabeça da chapa e a deputada do PCdoB será efetivada como vice. As duas decisões tiveram o aval de Lula, que enviou carta aos dirigentes do partido desde Curitiba, onde cumpre pena de mais de 12 anos em decorrência de condenação na Operação Lava Jato.